sábado, 27 de agosto de 2011

TEXTOS: REFORMA E CONTRARREFORMA







LUTERO



“Só a fé salva.”



“Deixai de vos atormentar! Deus não é um juiz severo, mas um pai compassivo. Fazei o que quereis, sois e sereis pecadores por toda a vida. Contudo, se credes no Redentor, estais salvos. Tende confiança.” (Lutero)
(Revoltas Camponesas)






“Eu não tinha o direito, em meu escrito precedente, de julgar os camponeses, ainda que se declarassem prontos a se deixar instruir. O Cristo, aliás, proibiu julgar. Mas antes que tivesse tido tempo de mudar de opinião, eles levaram adiante seus desígnios e se puseram a usar de violência. Esquecendo sua promessa, saquearam e atacaram como cães furiosos (...) O Príncipe ou o senhor deve pensar que é o ministro de Deus e o servidor de sua cólera. A espada deve se abater sobre os patifes. Não punir ou castigar, não exercer sua função, é pecar contra Deus.”
“Temos que despedaçá-los [os camponeses], degolá-los e apunhalá-los em segredo e em público: e que os matem todos os que possam matá-los, como se mata um cão furioso (...) Por isso, caros senhores, ouvi-me e matais, degolai sem piedade, e, se morrerdes, como seríeis ditosos, pois jamais poderíeis ter morte mais feliz.”
(Lutero, a respeito das revoltas camponesas em panfleto intitulado Contra as Hordas Ladras e Assassinas dos Camponeses)



(Revoltas camponesas)



“Os pobres nas cidades e mais ainda os camponeses estavam em situação desesperadora. Eram explorados e esbulhados cruelmente de seus direitos e privilégios tradicionais. Encontravam-se num estado de espírito revolucionário que se manifestou através dos levantes camponeses e de movimentos revolucionários nas cidades. O Evangelho traduziu em palavras suas esperanças e expectativas, tal como o fizera para os escravos e trabalhadores o cristianismo primitivo, e levou os pobres a procurarem liberdade e justiça. Na medida em que Lutero atacou a autoridade e fez da palavra Evangelho o centro de seus ensinamentos, atraiu essas massas inquietas como outros movimentos de caráter evangélico haviam feito antes.” (FROMM, Erich. O Medo à Liberdade. Rio de Janeiro, Zahar, 1983)



“Os padres são dos homens os mais cúpidos do mundo. Eles rivalizam um e outro com quem terá mais, não do que deveriam ter, de virtudes e letras, mas querem ultrapassar os outros pela pompa e pela ostentação. Querem pelos engastes, ricos e ornamentados; querem mostrar-se em público com um exército de comilões, e a cada dia, por causa de sua preguiça e de sua ausência de virtudes, suas inclinações se fazem mais lascivas, mais temerárias e mais imprudentes (...) Pensa você que seja realesco um Pontífice revestir-se para se fazer adorar, assim, como um deus, de um longo casaco de mulher, como usam os efeminados e os luxuriosos da Babilônia? Pensa você que seja marcial caminhar no meio de um batalhão em quadrado escoltado por um longo cortejo? E pensa você que sejam pregadores verdadeiros os que por lucro se interessam pelos negócios de perjúrios, de usuras, de testamentos, de casamentos, de territórios e de Igrejas?” ( L.B. Alberti, Tratado Sobre a Família, livro II e Diálogo Sobre o Pontífice, aproximadamente de 1430-1440)





ANABATISTAS
(Tomaz Muntzer, um anabatista)



Manifesto de camponeses da região do Reno, de 1524
Artigo 4º - Até então era costume que nenhum trabalhador pobre tivesse direito à caça, aos pássaros e ao peixe de água corrente, o que nos parece chocante e bem pouco fraternal, egoísta da parte dos poderosos e em desacordo com a palavra de Deus. Mesmo em certos lugares as autoridades deixaram os animais fazer grandes estragos em nossas colheitas. Ora, Deus deixou crescer os animais para a utilidade do homem, e não para que as feras desprovidas de razão devorem os bens ao seu bel-prazer. Como Deus criou o homem como senhor de tudo o que vive, concedeu, portanto, a todos os homens poder sobre os animais, sobre o pássaro no ar, sobre o peixe na água.
Artigo 5º - Temos de nos queixar, também, a respeito dos bosques. Pois nossos senhores reservam apenas para si a floresta, e quando um pobre necessita de madeira, deve comprá-la pelo dobro de seu valor. Eis portanto nossa intenção a respeito dos bosques. Os senhores eclesiásticos e leigos devem novamente deixar às comunidades as florestas que elas não conseguem adquirir a dinheiro e permitir às comunas a liberdade de exploração.”





CALVINO






... é lícito supor que o capital, o crédito, o banco, o grande comércio, as finanças são desejadas por Deus e tão respeitáveis quanto o salário do operário e o aluguel de um imóvel. O comerciante que busca o lucro e revela as qualidades que o sucesso econômico exige ( o trabalho, a sobriedade, a frugalidade, a ordem) responde também ao chamado de Deus e um homem que não trabalha não deve mais comer”. (João Calvino, citado por Roland Mousnier – Os Séculos XVI e XVII, em História Geral das Civilizações, Difel, 1973)





ANGLICANISMO





Ato de Supremacia
“O Rei é o chefe supremo da Igreja da Inglaterra (...) Nesta qualidade, o Rei tem todo o poder de examinar, reprimir, corrigir tais erros, heresias, abusos, ofensas e irregularidades que sejam ou possam ser reformados legalmente por autoridade (...) espiritual (...) a fim de conservar a paz, a unidade e a tranquilidade do Reino, não obstante todos os usos, costumes e leis estrangeiras, toda autoridade estrangeira.”

CONCÍLIO DE TRENTO









“Havendo Jesus Cristo concedido à Igreja o poder de conceder indulgência (...); ensina e ordena o sacrossanto Concílio que o uso das indulgências (...) deve conservar-se pela Igreja (...). Não obstante, deseja que se proceda com moderação na sua concessão (...) a fim de que, pela facilidade de concedê-las, não decaia a disciplina eclesiástica. E ansiando para que se emendem e corrijam os abusos que se introduziram nelas, motivo que leva os hereges a blasfemarem contra elas, estabelece (...) que se exterminem de forma absoluta todos os lucros ilícitos que se cobram dos fiéis para que as consigam; pois disto se originaram muitos abusos no povo cristão.”
(Adhemar Marques et ali. História Moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 1997. p. 121)

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