domingo, 7 de novembro de 2010

Poema

Você pode me riscar da História
Com mentiras lançadas ao ar.
Pode me jogar contra o chão de terra,
Mas, ainda assim, como poeira,
Eu vou me levantar.

Minha presença o incomoda?
Por que meu brilho o intimida?
Porque eu caminho como quem possui
Riquezas dignas do grego Midas.
Como a Lua e como o Sol no céu,
Com a certeza da onda do mar,
Como a esperança emergindo da desgraça,
Assim eu vou me levantar.

Você não queria me ver quebrada?
Cabeça curvada e olhos para o chão?
Ombros caídos como lágrimas,
Minha alma enfraquecida pela solidão?
Meu orgulho o ofende?
Tenho certeza que sim,
Porque eu rio como quem possui
Ouros escondidos em mim.
Pode me atirar palavras afiadas,
Dilacerar-me com seu olhar,
Você pode me matar em nome do ódio.
Mas, ainda assim, como o ar,
Eu vou me levantar.

Minha sensualidade incomoda?
Será que você pergunta
Por que eu danço como se tivesse
Um diamante onde as coxas se juntam?

Da favela, da humilhação imposta pela cor
Eu me levanto.

De um passado enraizado na dor
Eu me levanto.

Sou um oceano negro, profundo na fé,
Crescendo e expandindo-se como a maré.
Deixando para trás noites e terror e atrocidade,
Eu me levanto

Em direção a um novo dia de intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom de meus antepassados,
Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.
E assim, eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto.

(Maya Angelou, poetisa afro-americana)

Um comentário:

  1. Lindo poema.

    Gostei de seu blog, Wagner. Quando tiver mais tempo, farei uma leitura minuciosa com os comentários que me pediu, ok?
    Se quiser, visite o meu e palpite.
    www.xucurus.blogspot.com

    Abraço.
    Thaís

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