domingo, 28 de novembro de 2010

Minhas poesias

Algumas poesias foram musicadas por companheiros das noites de São José do Rio Preto e estão garavadas no CD PASSAGEM, produzido por Fernando Marques para o selo Tempo Livre. Foi um trabalho independente e uma experiência maravilhosa. Para pagar os custos do CD, eu andava de bar em bar e de mesa em mesa vendendo o disco. Ainda deve ter alguns por aí, talvez na produtora Tempo Livre.

PASSAGEM
(Musicada por Fernando Marques)

Velho tronco no cais,
vincado de visgo e vento,
face de rugas,
és parada temporária
de barcos novos,
apressados.

Velho tronco no cais,
sumário de sombras e sonhos,
alma de pregas,
és Meca imaginária
de desejos loucos,
desgarrados.

Agarra-te a ti mesmo,
velho tronco.
Tantas cordas te abraçaram
e se foram.
Tantas ondas te beijaram
e se foram.
Ficaste só,
velho tronco no cais.

ÁGUIA
(Musicada por Rick Saulo)

Os urubus voam sobre o Haiti,
cercam Havana, que míngua, que míngua.
Os urubus alimentam-se de lágrimas,
comem a podridão que provocam.
Os urubus destroem Angola,
vomitam fezes em Moçambique

Oxalá que toda miséria,
toda guerra sobre a Terra,
tenham fim.

Os urubus varrem sonhos de Granada,
entopem de carniça a Nicarágua.
Os urubus fabricam dores em Ruanda,
estão à espreita, na ex Iugoslávia,
derrubam ácido na Guatemala
e fazem abortar utopias no Brasil.

Oxalá que toda miséria,
toda guerra sobre a Terra,
tenham fim.


CLASSIFICADOS
(Musicada por Rick Saulo)

PROCURA-SE
Mulher de sensibilidade densa,
como aquela que tive
e perdi.

PROCURA-SE
Mulher de intensidade mansa,
como aquela que vive
e se perdeu.

MULHER
De docilidade intensa,
de suavidade densa,
de intensidade mansa.

MULHER
De sensibilidade intensa,
de felicidade imensa,
como a mulher que perdi.

PROCURA-SE
Mulher de suavidade intensa,
como a que comigo esteve
e se perdeu.

PROCURA-SE
Mulher de docilidade tensa,
como quem foi livre
e se perdeu.

MULHER
de docilidade intensa,
de suavidade densa,
de intensidade mansa.


MULHER
de sensibilidade tensa,
de felicidade imensa
como a mulher que perdi.


PASSARINHA DE VOAR
(Musicada por Osni Ribeiro)

Era um Sol de primavera,
sem pudor, sempre a brilhar.
No jardim, a minha espera,
passarinha de se amar.
Era tempo de encanto e paz,
Natureza por altar,
era um tempo de paixão voraz
de receber e de dar.

Em pureza ela vivia,
outras flores foi buscar.
Dedicado, eu lhe servia
e era forte para amar.
Em sua mente, há um sonho
que ninguém pode apagar.
Infeliz, eu lhe proponho:
- seja livre prá voar.

No quintal , não mais pousou
passarinha ao luar,
mas, no peito, me deixou
esperança de voltar.

FORA!
Musicada por Fernando Marques)

Fora da minha vida,
Não quero você comigo!
Você pegou a chave e entrou,
Deitou em minha cama,
Invadiu a minha alma,
Anulou a minha calma
E ficou.

Sem pedir licença,
Instalou-se em meu quarto,
Cobriu-se com meu lençol
E ficou.
Recostou-se em meu travesseiro
Penetrou em meu interior
E me tomou,
E me torceu,
E me bateu,
Me inverteu
E me sufocou.

Agora basta,
Vá embora de uma vez,
Saudade.
Devolva a chave
E traga de volta o meu amor.

Fora de minha vida,
Saudade.
Não quero você comigo,
Saudade.

DA CABEÇA AOS PÉS
(Musicada por Rick Saulo)

De cabeça erguida,
ando, falo, grito, ouço, amo.
De peito aberto,
corro, calo, berro, bebo, como.
De mãos abertas,
toco, acaricio, escrevo, bato, tomo.
A minha boca pública
publica,
fala,
ensina,
erra
e canta.

Procuro, então, minha sombra,
da cabeça aos pés.
Procuro, então, minha sombra,
da cabeça aos pés.

Minha função teatral
erra, acerta, dirige, é dirigida.
Na cabeça guardo coisas,
nomes, sobrenomes, pensamentos.
O meu corpo, em pé,
fala, corre, cora, anda e sua.
Meu corpo deitado
ama, dorme, ama, acorda e ama.


Procuro, então, minha sombra,
da cabeça aos pés.
Procuro, então, minha sombra,
da cabeça aos pés.


A IMPORTÂNCIA DA FLORA
(Musicada por Fernando Marques)

Tá bom!
Eu sou um poeta ou um arremedo.
Mas saiba que você é poesia em movimento,
difícil de se fotografar.
Ah, como eu queria te falar.

Ah, como eu queria ser poeta,
olhos de eternidade
só pra te fixar
com o instante da palavra.
Mas misturo tu com você,
eterno e instante.

Não, não sou poeta.
Só exponho
palavras que me levam a você,
como quem engole vitamina C.
Evito
os gritos, os brutos e as gripes,
Admito
os choros, as dores da ausência,
buscando, Anna Flora,
toda loucura lúcida de viver.

JARDIM POETA
(Musicada por Fernando Marques)

Nosso jardim é sábio,
hoje é sexta-feira.
E, sabendo que você está chegando,
deu-nos a primeira flor.

São quinze horas,
você está embarcando no ônibus.
Enquanto procuro palavras,
o jardim nos deu uma flor.

Por isso, paro agora de escrever,
prefiro calar-me diante do jardim.
Ele é mais poeta do que eu,
pois eu não dei a rima e ele deu a flor.

CERVEJA EM LATA
(Musicada por Altino Bessa M. Filho)

Bebo num bar
a saudade de ontem,
a coragem do hoje
a vontade do amanhã.

Berro num beco
os nomes de ontem,
as vantagens do hoje,
os delírios do amanhã,

Bebo num berro
o extravio do ontem,
a saudade do hoje,
os planos do amanhã.

Bebo num beco
o choro do ontem,
a alma do hoje,
os beijos do amanhã.






sábado, 27 de novembro de 2010

Música "Pesadelo"

Em uma de minhas aulas, apresentei a música Pesadelo, de Paulo César Pinheiro. Uma aluna de Campinas, Priscila, recomendou-me o vídeo abaixo e eu tenho certeza de que muitos gostarão:
http://www.youtube.com/watch?v=D7guvjgrZRI&NR=1

Obrigado, Priscila. A vida é um inesgotável aprender.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A Maldição de Malinche (tradução)

A MALDIÇÃO DE MALINCHE
(Gabino Palomares)

Do mar eles viram chegar meus irmãos emplumados,
Eram os homens barbados da profecia esperada.
Ouviu-se a voz do monarca de que o Deus havia chegado
E lhes abrimos as portas por temer o ignorado.

Vieram montados em bestas como Demônios do mal,
Vieram com fogo nas mãos e cobertos de metal.
Só o valor de uns poucos lhes opôs resistência,.
E ao ver correr o sangue cobriram-se de vergonha.

Porque os deuses não comem nem gozam com o que é roubado
E quando nos demos conta, já tudo estava acabado.
E nesse erro entregamos a grandeza do passado,
E nesse erro ficamos trezentos anos escravos.

Restou-nos o malefício de brindar o estrangeiro
Nossa fé, nossa cultura, nosso pão, nosso dinheiro.
E continuamos trocando ouro por contas de vidro
E damos nossa riqueza por seus espelhos com brilho

Hoje, em pleno século XX nos procuram, chegando enrubescidos
E lhes abrimos a casa e os chamamos amigos.
Mas, se chega, cansado um índio de andar pela serra,
O humilhamos e o vemos como um estranho em sua terra.

Tu, hipócrita, que te mostras humilde diante do estrangeiro
Mas te voltas orgulhoso contra teus irmãos do povo
Oh, maldição de Malinche. enfermidade do presente,
Quando deixarás minha terra, quando libertarás minha gente?


segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A MALDIÇÃO DE MALINCHE

Maldición de Malinche
(G. Palomares)

Del mar los vieron llegar mis hermanos emplumados
Eran los hombres barbados de la profecía esperada
Se oyó la voz del monarca de que el dios había llegado.
Y les abrimos la puerta por temor a lo ignorado.

Iban montados en bestias como demonios del mal
Iban con fuego en las manos y cubiertos de metal.
Sólo el valor de unos cuantos les opuso resistencia
Y al mirar correr la sangre se llenaron de verguenza.

Porque los dioses ni comen ni gozan con lo robado
Y cuando nos dimos cuenta ya todo estaba acabado.
Y en ese error entregamos la grandeza del pasado
Y en ese error nos quedamos trescientos años esclavos.

Se nos quedó el maleficio de brindar al extranjero
Nuestra fe, nuestra cultura, nuestro pan, nuestro dinero.
Y les seguimos cambiando oro por cuentas de vidrio
Y damos nuestras riquezas por sus espejos con brillo.

Hoy, en pleno siglo veinte nos siguen llegando rubios
Y les abrimos la casa y les llamamos amigos.
Pero si llega cansado un indio de andar la sierra
Lo humillamos y lo vemos como extraño por su tierra.

Tu, hipócrita que te muestras humilde ante el extranjero
Pero te vuelves soberbio con tus hermanos del pueblo.
Oh, maldición de Malinche, enfermedad del presente
Cuándo dejarás mi tierra.. cuándo harás libre a mi gente.


Em minha aula de Revolução Mexicana, coloquei essa música, cantada por Amparo Ochoa. Resolvi deixá-la em castelhano, para não perder a originalidade.

domingo, 21 de novembro de 2010

Publicado o livro de minha filha

SOCIABILIDADE, COMUNICAÇÃO E POLÍTICA, de Cíntia Sanmartin Fernandes. Doutora em Sociologia Política dela Universidade Federal de Santa Catarina. Doutorado Sanduíche junto a Universidade René Descartes - Paris V/ Sorbone. Doutoranda em Comunicação e Semiótica na PUC-SP. Transcrevo parte do comentário publicado na quarta capa: "Este livro é recomendado aos leitores que desconfiam das interpretações que geram percepções monolíticas da realidade social brasileira. Esta publicação é dirigida aos interessados em se aprofundar na complexa donâmica e trama da vida social, mesmo que para isso seja necessário colocar em xeque conceitos profundamente estabelecidos". (Micael Herschmann)
Se você se interessou, entre no site da E-papers Serviços Editoriais: http://www.e-papers.com.br/

FILMES E SEUS DIRETORES

Muitos filmes nos ajudam a crescer, como estudantes, como professores, como cidadãos. Também enriquecem nosso espírito crítico. Nos dão argumentos para o diálogo. Sempre que faço um trabalho em aula usando um filme, alguns alunos pedem mais indicações. Caso você se interesse por um dos títulos indicados, faça o seguinte:
1. Procure ler a sinopse do filme
2. Procure ler, em seu material (livros, apostilas), o assunto do filme
3. Durante o filme, faça anotações em um caderno
4. Após o filme, volte aos livros, para separar o que é, de fato, histórico e o que é criação e arte. Lembre-se que o cinema não tem necessária obrigação de relatar apenas a História. Tem a liberdade de, em cima da História, dar vôos altos da criação, da ficção.
Aqui vai uma pequena lista:


A Caminho de Kandahar, de Mohsen Makhmalbaf (GUERRAS CONTEMPORÂNEAS)
Queimada, de Gillo Pontecorvo (INDEPENDÊNCIA DE COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO)
Como Era Gostoso Meu Francês, de Nelson Pereira dos Santos (BRASIL COLONIAL -CULTURA INDÍGENA TUPINAMBÁ)
O Guerreiro do Sol, de Federico Garcia (HISTÓRIA DE TUPAC AMARU)
Gaijin, de Tizuka Yamasaki (IMIGRAÇÃO JAPONESA PARA BRASIL)
Tempos Modernos, de Chaplin (REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E CRISE CAPITALISTA)
O Grande Ditador, de Chaplin (NAZISMO E FASCISMO)
Sacco e Vanzetti, de Giuliano Montaldo (ANARQUISMO E OS DIREITOS NOS EUA)
Hamlet, de Laurence Olivier (SHAKESPEARE)
Os Sete Samurais, de Akira Kurosawa (HISTÓRIA DO JAPÃO)
Agonia e Êxtase, de Carol Reed (RENASCIMENTO CULTURAL: MICHELÂNGELO)
55 Dias de Pequim, de Nicolas Ray (IMPERIALISMO EUROPEU NA ÁSIA: REAÇÃO DOS CHINESES)
Galileu Galilei, de Joseph Losey (RENASCIMENTO CULTURAL E INQUISIÇÃO)
Encouraçado Potenkin, de Eiseinstein (REVOLUÇÃO RUSSA)
El Cid, de Anthony Mann (ESPANHA: GUERRA DE RECONQUISTA E CENTRALIZAÇÃO DO PODER)
Outubro, de Eiseinstein (REVOLUÇÃO RUSSA)
O Nome da Rosa, de Jean-Jacques Annaud (A IGREJA MEDIEVAL E A INQUISIÇÃO)
Doutor Jivago, de David Lean (REVOLUÇÃO RUSSA)
O Senhor da Guerra, de Franklin Schaffner (COMÉRCIO E CONTRABANDO DE ARMAS)
Reds, de Warren Beatty (REVOLUÇÃO RUSSA)
A Festa de Babette, de Gabriel Axel (RELIGIOSIDADE E O PECADO DA GULA NO FINAL DO SÉCULO XIX)
As Vinhas da Ira, de John Ford (CRISE DE 1929 E CONSEQUÊNCIAS NOS EUA)
E o Vento Levou, de Victor Fleming (GUERRA CIVIL NOS EUA)
Aleluia Gretchen, de Sílvio Back (NAZISMO NO SUL DO BRASIL)
Em Nome de Deus, de Clive Donner (HISTÓRIA DE PEDRO ABELARDO E HELOISA)
O Ovo da Serpente, de Ingmar Bergman (NAZISMO)
Azur e Asmar, de Michel Ocelot (PRECONCEITO E ACEITAÇÃO DO DIFERENTE)
Casablanca, de Michael Kurtiz (SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E NAZISMO NA ÁFRICA)
O Labirinto do Fauno, de Guillermo Del Toro (NAZI-FASCISMO)
O Dia Seguinte, de Nicholas Meyer (GUERRA ATÔMICA E CONSEQUÊNCIAS)
Adeus, Lênin, de Wolfgang Becker (GUERRA FRIA E NOVA ORDEM MUNDIAL)
A Guerra do Fogo, de Jean-Jacques Annaud (COMUNISMO PRIMITIVO - PRÉ HISTÓRIA)
Viva Zapata!, de Elia Karan (REVOLUÇÃO MEXICANA)
Estado de Sítio, de Costa Gavras (DITADURA NA AMÉRICA LATINA)
Chove Sobre Santiago, de Helvio Soto (GOLPE MILITAR CONTRA ALLENDE, NO CHILE)
Pra Frente, Brasil, de Roberto Farias (DITADURA MILITAR E TORTURA NO BRASIL)
A História Oficial, de Luis Puenzo (DITADURA NA ARGENTINA)
Corações e Mentes, de Peter Davis (GUERRA DO VIETNÃ)
Gandhi, de Richard Attenborough (DESCOLONIZAÇÃO DA ÍNDIA)
Passagem Para a Índia, de David Lean (PRESENÇA INGLESA NA ÍNDIA)
O Último Imperador, de Bernardo Bertolucci ( DO FIM DO IMPÉRIO NA CHINA ATÉ INVASÃO JAPONESA NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL)
A Insustentável Leveza do Ser, de Phillip Kaufman (PRIMAVERA DE PRAGA - 1968)
“Z”, de Costa Gavras (DITADURA MILITAR NA GRÉCIA - GUERRA FRIA)
A Classe Operária Vai ao Paraíso, de Elio Petri (CONSCIÊNCIA DE CLASSE E LUTA OPERÁRIA)
Culpado Por Suspeita, de Irwin Winkler (MACARTISMO NOS EUA - GUERRA FRIA)
Mephisto, de Istvan Szabo (FASCISMO)
Por Quem os Sinos Dobram, Sam Wood (GUERRA CIVIL ESPANHOLA)
Capitães de Abril, de Maria Medeiros (REVOLUÇÃO DOS CRAVOS EM PORTUGAL)
Terra e Liberdade, de Ken Loach (GUERRA CIVIL ESPANHOLA)
Em Busca do Ouro, de Chaplin (GRANDE DEPRESSÃO NOS EUA)
O Tesouro de Sierra Madre, de John Huston (AVENTURA, CAMARADAGEM E DESTINO)
Pequeno Grande Homem, de Arthur Penn (MARCHA PARA OESTE, NOS EUA - CULTURA DOS ÍNDIOS CHEYENES)
Dança com Lobos, de Kevin Costner (GUERRA CIVIL NOS EUA - BRANCOS X ÍNDIOS)
Guerra e Paz, de King Vidor (INVASÃO NAPOLEÔNICA NA RÚSSIA)
Danton, o Processo da Revolução, de Andrzej Wajda (REVOLUÇÃO FRANCESA)
Amadeus, de Milos Forman (VIDA E OBRA DE MOZART)
Oliver Twist, de David Lean (REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E EXPLORAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL)
Cromwell, o Chanceler de Ferro, de Ken Hughes (REVOLUÇÃO PURITANA - INGLATERRA)
Ana dos Mil Dias, de Charles Jarrott (HENRIQUE VIII E A REFORMA ANGLICANA)
Giordano Bruno, de Giuliano Montaldo (RENASCIMENTO CULTURAL E INQUISIÇÃO)
A Missão, de Roland Joffé (ÍNDIOS, JESUÍTAS E COLONIZAÇÃO MERCANTILISTA)
Ligações Perigosas, de Stephen Fears (FRANÇA E SUA NOBREZA ANTES DE 1789)
Mon Uncle (Meu Tio), de Jacques Tati (CRÍTICA AO MUNDO MODERNO, CAPITALISTA)
Germinal, de Claude Berri (LUTA OPERÁRIA NA FRANÇA)
O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles (PAPEL DAS MULTINACIONAIS DE REMÉDIOS)
Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore (O AMOR AO CINEMA)
1492, A Conquista do Paraíso, de Ridey Scott (GRANDES NAVEGAÇÕES)
A Guerra dos Pelados, de Sylvio Back (GUERRA DO CONTESTADO)
Diários de Motocicleta, de Walter Salles (CHE GUEVARA ANTES DE CUBA)
O Carteiro e o Poeta, de Michael Radford (PABLO NERUDA E A LUTA OPERÁRIA)
Zuzu Angel, de Sérgio Rezende (DITADURA MILITAR NO BRASIL)
Lutero, de Eric Till (REFORMA LUTERANA)
Parahyba, Mulher Macho, de Tizuka Yamasaki (REVOLUÇÃO DE 1930 NO BRASIL)
Corações e Mentes, de Peter Davis (GUERRA DO VIETNÃ)
A Lista de Schindler, de Spielberg (NAZISMO E JUDEUS)
Morrer em Madri, de Frédéric Rossif (DOCUMENTÁRIO SOBRE A GUERRA CIVIL ESPANHOLA)
Os Deuses Devem Estar Loucos, de Jamie Uys (COMUNISMO PRIMITIVO X COCA COLA. NO KALAHARI, OS BOSQUÍMANOS TENTAM DEVOLVER UM PRESENTE AOS DEUSES)
Villa Lobos, Uma Vida de Paixão, de Zelito Viana (MODERNISMO NO BRASIL)
Eternamente Pagu, de Norma Benguell (MODERNISMO, COMUNISMO E INTENTONA COMUNISTA)
Cidadão Kane, de Orson Welles (PODER DA MÍDIA NOS EUA)
O Vento Será Sua Herança, de Stanley Kramer (DARWIN X CRIACIONISMO NOS EUA)
Shakespeare Apaixonado, de John Madden (RENASCIMENTO CULTURAL INGLÊS)
Minha Amada Imortal, de Bernard Rose (HISTÓRIA DE BEETHOVEN)
A Rainha Margot, de Patrice Chéreau (FRANÇA VALOIS: GUERRAS DE RELIGIÃO)
Indochina, de Régis Wargnier (IMPERIALISMO FRANCÊS NO VIETNÃ E A GUERRA)
Rosa Luxemburgo, de Margarethe von Trotta (HISTÓRIA DA INTELECTUAL E ATIVISTA)



Em Barão Geraldo existe uma locadora fantástica que possui a grande maioria dos filmes aqui listados: PhD Vídeo - Avenida Professor Atílio Martini, 222, Cidade Universitária- Campinas, Fone - 32890098

domingo, 14 de novembro de 2010

A BATALHA DE STALINGRADO

Na Segunda Guerra Mundial, a Batalha de Stalingrado significou, a partir de 1942, o fim do mito da invencibilidade das tropas nazistas. A resistência do povo soviético obrigou um exército alemão inteiro a render-se. Era a “reviravolta”, um ano e meio antes do “Dia D”.
Se perguntássemos a Stálin, ele diria “se perdermos Stalingrado, perderemos a guerra!” Se perguntássemos a Hitler, ele diria: “se não tomarmos Stalingrado, perderemos a guerra!”

E, se perguntássemos a Carlos Drummond de Andrade, ele nos ensinaria:
“Pedra por pedra reconstruiremos a cidade.
Casa e mais casa se cobrirá o chão.
Rua e mais rua o trânsito ressurgirá.
Começaremos pela estação da estrada de ferro
E pela usina de energia elétrica.
Outros homens, em outras casas,
Continuarão a mesma certeza.

Sobraram apenas algumas árvores
Com cicatrizes, como soldados.
A neve baixou, cobrindo as feridas.
O vento varreu a dura lembrança.
Mas o assombro, a fábula,
Gravam no ar o fantasma da antiga cidade
Que penetrará no corpo da nova.
Aqui se chamava
E se chamará sempre Stalingrado/
-Stalingrado: o tempo responde.”
(Telegrama de Moscou. In: Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro, 1973)

O NAZISMO E A PROPAGANDA

TEXTO 1
(BRECHT, Bertold. Poemas, 1913-1956)
“É possível que em nosso país nem tudo ande como deveria andar.
Mas ninguém poderá negar que a propaganda é boa.
Mesmo os famintos devem admitir
Que o Ministro da Alimentação fala bem.
(...)
Um bom propagandista
Transforma um monte de esterco em local de veraneio.
Quando não há manteiga, ele demonstra
Como um talhe esguio faz um homem esbelto.
Milhares de pessoas que o ouvem discorrer sobre as auto-estradas
Alegram-se como se tivessem carros.
(...)
Somente através da propaganda perfeita
Pôde-se convencer milhões de pessoas
Que o crescimento do Exército constitui obra de paz
Que cada novo tanque é uma pomba da paz
E que cada novo regimento uma prova
De amor à paz.
(...)
Mesmo assim, bons dircursos podem conseguir muito
Mas já não conseguem tudo.
Muitas pessoas já se ouve dizerem:
Pena que a palavra carne apenas não satisfaça
E pena que a palavra roupa aqueça tão pouco.”

TEXTO 2
LENHARO, Alcir. Nazismo, o Triunfo da Vontade. Ática. São Paulo. 1986)
“O essencial da propaganda era atingir o coração das grandes massas, compreender seu mundo maniqueísta, representar seus sentimentos...Tudo interessa no jogo da propaganda: mentiras, calúnias; para mentir, que seja grande a mentira, pois assim sendo “nem passará pela cabeça das pessoas ser possível arquitetar tão profunda falsificação da verdade.”

sábado, 13 de novembro de 2010

RACISMO E PIADA SEM GRAÇA

A revista Carta Capital nº 621, de 10/11/2010, revela a reação de alguns brasileiros, entre eles José Serra, aos resultados das eleições de 31/10/2010, nas quais Dilma Rousseff saiu vencedora para a Presidência da República.
Reproduzo algumas opiniões recolhidas da reportagem:
“...eu quero dizer: nós apenas estamos começando uma luta de verdade (...) em defesa da pátria, da liberdade, da democracia!” (José Serra)
“Nordestino não é gente, faça um favor a São Paulo, mate um nordestino afogado!” (Mayara Petruso, estudante de Direito em São Paulo)
Outras declarações: “Trocaram voto por miolo de pão.”... “Valeu, Nordeste, mais quatro anos vivendo às nossas custas.”... “80% do Amazonas votaram em Dilma...cambada de índio burro.”
E eu estava preparando aulas sobre totalitarismos de esquerda e de direita, sobre racismo e preconceitos, sobre “limpeza étnica”. Da revista, voltei aos livros. Foi assim na Alemanha nazista, nos EUA da Ku Klux Klan, na África do Sul e a política do apartheid, na antiga Iugoslávia em que sérvios e croatas fizeram a “limpeza étnica”contra os bósnios, na ação dos skinheads. E há lamentáveis outros exemplos a permanecer como uma nódoa nas consciências dos homens, se é que eles as têm.
Neste caso, e só neste caso, estou com Vargas Llosa, que nos ensina: “A grandeza trágica do destino está talvez nesta situação paradoxal que não deixa ao homem outra escapatória se não a luta contra a injustiça, não para acabar com ela, mas para que ela não acabe com ele.”
Estou, e não só neste caso, com Hannah Arendt, investigadora das engrenagens do totalitarismo, desde a propaganda até os campos de concentração. Para ela, os campos de concentração têm por objetivo a destruição dos direitos de toda a população, não apenas para quem neles estão. São a “invenção do Mal radical”.
Queria ter o poder de alertar as pessoas tratadas na reportagem (e aquelas que concordam com elas) sobre o perigo de suas opiniões políticas. Elas estão autorizando os brutos a “pisarem na flor do jardim”, sem darem conta de que será apenas “o primeiro dia”.
Voltando a Hannah Arendt, queria ter o poder de alertar os que concordam com o discurso de Serra: “Na política (...) o auto-embuste é o perigo por excelência: o impostor auto-enganado perde todo o contato não só com a platéia, mas também com o mundo real...”
Onde estão, “entre as ruínas da História, os restos da Razão?”
Como pode José Serra discursar defendendo a Liberdade e a Democracia, sem aceitar e reconhecer a vitória democrática de outro partido?
Segundo a Carta Capital, há um largo espaço para o surgimento de um partido político declaradamente de direita. Digo que há um vácuo deixado pela AIB, pela UDN, pela ARENA, pelo PDS, pelo PFL e pelo moribundo DEM. E a História prova que sempre houve atitudes e atos golpistas antidemocráticos. Se surgir um partido de direita que respeite a verdade das urnas, mesmo que seja contra ele, que seja bem-vindo para enriquecer a democracia. Mas a História não deixa dúvidas: um partido de direita usa a democracia para chegar ao poder e, depois, anula a própria democracia.
Aprendi, nos bancos da USP, que um historiador deve ter uma distância de, no mínimo, cinquenta anos entre ele e o fato histórico por ele analisado. Mas, aos sessenta e três anos de idade, tenho certeza que não viverei mais cinqüenta. Arrisco uma análise do futuro, fundado no conhecimento do passado: se a ala peesedebista que apoiou Serra dominar o partido, alicerçada nas ideologias expressas nas eleições de 2010, corremos todos os risco de reinventarmos o “Mal radical” estudado por Arendt. Honestamente, jamais desejei tanto estar completamente errado.
É que as coisas se dão de modo sutil, começando por anedotas aparentemente inocentes, mas contendo uma tara racista. Sem nenhuma graça.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

NOVA ORDEM MUNDIAL

A NOVA ORDEM MUNDIAL

CRISE NO BLOCO SOCIALISTA
• As reformas de Gorbatchev,

PERESTROIKA E GLASNOST

(RESTRUTURAÇÃO E

TRANSPARÊNCIA), dão

início ao fim da URSS

• Mundo Multipolar, os megablocos
• Mundo Monopolar, liderado pelos EUA
• Neoliberalismo, com “Estado Mínimo”
• Globalização
• Conflito Norte X Sul substitui
conflito Ocidente x Oriente
• Terrorismo
• Internet
GUERRA FRIA
• Símbolo: Muro de Berlin
• Palavra-chave: divisão

• Mundo bipolar
• Relações subordinadas às lideranças militares: Otan ou Pacto de Varsóvia
• Principal órgão: ONU
X GLOBALIZAÇÃO
• Símbolo: internet

• Palavra-chave: integração
• Mundo multipolar
• Relações subordinadas aos blocos econômicos: UE, NAFTA…
• Principal órgão: OMC


CONTRA A GLOBALIZAÇÃO
• “Queimem os ricos, queimem os ricos!”
• “O FMI mata crianças!”
• “Pessoas, não lucros.”
• “Por que vocês financiaram a compra de armas pela ditadura indonésia?”
• “As políticas do FMI quebraram a indústria têxtil da África do Sul.”
• (Palavras de ordem e protestos lançados pelos ativistas antiglobalização em Praga, capital da República Tcheca, em setembro de 2000)

CRISES DA ECONOMIA GLOBALIZADA
• 1994: MÉXICO
• 1997: TAILÂNDIA, MALÁSIA, INDONÉSIA, FILIPINAS, COREIA DO SUL E HONG KONG
• 1998: RÚSSIA
• 1999: BRASIL
• 2008: EUA

GUERRA FRIA

A GUERRA FRIA
“PAZ
IMPOSSÍVEL,
GUERRA IMPROVÁVEL”

Doutrina Truman:
Substituir a Inglaterra no
combate às guerrilhas comunistas
na Grécia e na Turquia
Deter o avanço do socialismo
na Europa
Plano Marshall:
Doações e empréstimos para
a recuperação de países
destruídos pela guerra

Dean Acheson, Secretário de Estado de Truman, deixa bem claro que o apoio americano só se fará aos países cujas constituições sejam aprovadas pelo governo dos Estados Unidos da América


MILITARIZAÇÃO DOS BLOCOS
• Em 1949, foi criado a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança político-militar dos países ocidentais, composta inicialmente pelos Estados Unidos e os países da Europa ocidental, opondo o Ocidente à União Soviética.

Em 1955, a União Soviética cria o Pacto de Varsóvia, que unia as forças do bloco comunista, principalmente dos países da Europa oriental (Albânia, Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, Polônia, etc).


Expansão do Bloco Socialista (até 1945, era apenas a URSS, depois: Polônia, Estônia, Lituânia, Letônia, Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Romênia, China, Vietnã do Norte, Coréia do Norte, Cuba...)

Revolução Chinesa
Guerra da Coréia
Revolução Cubana
Guerra do Vietnã
Descolonização Afro-Asiática
Corrida Espacial

CONFERÊNCIA DE BANDUNG
Abril de 1955
• 29 países da África e da Ásia
• Condena o colonialismo e o racismo
• Cria a política de não-alinhamento automático aos líderes da Guerra Fria
• Cria o bloco do Terceiro Mundo, equidistante dos EUA e da URSS

MACARTISMO
Ação do senado norte-americano contra o comunismo, marcado pela perseguição de funcionários públicos, cineastas, atores, escritores ... Período de “caça às bruxas”, em que os acusadores condenavam os acusados apenas pela suspeita de atitudes anti-americanas”.

O MUNDO PÓS-GUERRA

Tratados e conferências do MUNDO PÓS-GUERRA

Ainda durante a Segunda Guerra, os líderes mundiais se reuniram em várias conferências.

1. Na CARTA DO ATLÂNTICO, Roosevelt e Churchill deram início a conversações que, mais tarde, desembocram na criação da ONU.

2. Na CONFERÊNCIA DO CAIRO, em novembro de 1943, estavam presentes Roosevelt, Churchill e Chiang Kai-shek. Entre as decisões, a devolução dos territórios ocupados pelo Japão à China e a independência da Coreia.

3. Na CONFERÊNCIA DO TEERÃ, em dezembro de 1943, Churchil, Roosevelt e Stálin estudaram a presença soviética no Leste europeu e a abertura da 3ª frente de guerra, no Norte da França. Era a “Operação Overlord” que resultou no “Dia D”, o desembarque aliado na Normandia.

4. Em fevereiro de 1945, ocorreu a CONFERÊNCIA DE YALTA, com os mesmos líderes anteriores. Decidiu-se que todo Leste europeu ficará sob influência soviética, esboçou a divisão da Alemanha, o apoio soviético aos aliados contra o Japão e a futura destruição da indústria bélica alemã.

5. A CONFERÊNCIA DE POTSDAN ocorreu entre 17/julho e 2/agosto de 1945, estando presentes Truman, Attlee e Stálin.
(Um dia antes do início da conferência, ou seja, no dia 16/julho/1945, às 5h30min, no deserto do Novo México (EUA), ocorreu a primeira experiência com bomba atômica).
Foi fixada a indenização alemã, (US$ 20 bilhões). Criado o Tribunal de Nurember. Iniciada a desnazificação da Alemanha. Eliminada a indústria bélica alemã. Promessa de devolução da Indochina à França. Divisão da Alemanha e de Berlin em quatro zonas de influência.

6. Na CONFERÊNCIA DE SÃO FRANCISCO (Junho a outubro/1945), foi criada a ONU, cujos órgãos principais eram a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança.

domingo, 7 de novembro de 2010

O HERÓI DE TRÊS PÁTRIAS

UM BRASILEIRO “HERÓI DE TRÊS PÁTRIAS”

Odiado por muitos setores conservadores, inclusive por militares de alta patente, Apolônio de Carvalho foi chamado por Jorge Amado de “o herói de três pátrias”, opinião reconhecida por muitos setores da sociedade.
Herói ou vilão, Apolônio tem uma biografia marcada pela luta contra ditaduras de direita, inclusive nazifascistas. Lutou contra o regime de Getúlio Vargas, contra os fascistas na Espanha, contra os nazistas na ocupação da França e contra a ditadura militar brasileira.
Em 1935, aderiu à Aliança Nacional Libertadora (ANL), grupo heterogêneo antifascista nucleado pelos comunistas liderados por Luís Carlos Prestes. Participou da chamada Intentona Comunista. Foi preso, expulso do Exército Brasileiro, sem processo e sem direito à defesa.
Entre 1936 e 1939, na Guerra Civil Espanhola, defendeu a República nas Brigadas Internacionais contra a Falange fascista de Franco, que era apoiada por Hitler e Mussoline.
A partir de 1942, lutou na Resistência Francesa contra a ocupação nazista, chegando a comandar 2 mil homens pela libertação da França.
Em abril de 1968, participou da fundação do PCBR (Partido Comunista Revolucionário), após sua expulsão do PCB. Lutou contra a ditadura, foi preso, torturado e banido do Brasil.
Voltou da Argélia (onde se exilou) em 1979, beneficiado pelo processo de Anistia.
Em 1980, foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), assinando a ficha de filiação número 1. No ano seguinte, foi anistiado como coronel do Exército Brasileiro, num processo que causou muita polêmica.
Morreu aos 93 anos, em setembro de 2005.

http://www.youtube.com/watch?v=8TURDzBRHvY


Para você que é vestibulando, independente de sua posição ideológica sobre o assunto, aprofunde seus conhecimentos pesquisando:
1. Governo Vargas e a Intentona Comunista
2. Guerra Civil Espanhola
3. Brigadas Internacionais
4. Segunda Guerra Mundial
5. Resistência Francesa
6. Regime Militar no Brasil (1964/1985)

INFLAÇÃO NA HISTÓRIA

A MAIOR INFLAÇÃO DA HISTÓRIA

Muitos alunos ficam surpresos quando coloco a inflação da Alemanha no período Entre-Guerras. Por isso, dei uma pesquisada em meus arquivos e encontrei números assustadores.
Entre julho de 1945 e julho de 1946 (treze meses), a inflação da Hungria chegou a 30 setilhões por cento, ou seja 3 x 10 elevado à 25ª potência, um número com 25 zeros.
Segundo o Professor Forest Capie, em um seminário sobre hiperinflação, em 1989, “para anunciar que os preços tinham dobrado, o hábito da época era tocar um sino dentro das lojas, e isso acontecia várias vezes por dia”.

Mas a inflação não é novidade na História. Já existia antes de Cristo, época em que as moedas eram cunhadas em ouro e em prata e que, em época inflacionária, eram emitidas em tamanho e peso menores. No Baixo Império Romano, a inflação foi um componente do colapso estrutural do modo-de-produção escravista: considerando-se que no início do ano 200 dC o valor do sestércio tinha base 100, no final do século III passou para 5.000, o que significa uma inflação anual de 3% a 4% ao ano.

Outra inflação famosa e importante ocorreu no século XVI, na Espanha, fruto da chegada de metais preciosos das colônias americanas. Entre 1500 e 1600, a inflação anual era de 8% em média. Fenômeno semelhante ocorreu em Portugal, no século XVIII, quando o ouro brasileiro ali desembarcou.

Ainda segundo o Professor Capie, durante e logo após a Guerra de Independência dos Estados Unidos, a necessidade de emitir uma moeda nacional provocou ima inflação de 400% ao ano no final da década de 1770. Durante a Revolução Francesa, entre 1790 e 1796, a inflação atingiu 38.859%.
Fonte: Folha de São Paulo, de 3/9/1989, página C-8)

Resumo da aula de Totalitarismo




A. O fascismo
Ideologia de extrema direita, portanto, anticomunista, antisocialista (por ser de direita), antiparlamentar, antidemocrática, antiliberal, anti-operária (por ser de extrema direita).
Algumas características marcantes: nacionalismo, militarismo agressivo, romantismo (no sentido de ser irracional) e corporativismo
Defende a ditadura de Estado único, partido único e chefe único.
Uso de símbolos, da propaganda, e da violência como forma de ação política.

B. Como chegou ao poder
O avanço da esquerda internacional, inspirada na vitória bolchevique na Rússia e na vitória do Exército Vermelho na Guerra Civil na Rússia (1918/1921) assustava classes conservadoras (burguesia, proprietários, alto clero, classes médias ...). Essas classes foram atraídas pelo discurso anticomunista dos Partidos fascistas. É muito importante notar que o fascismo chegou ao poder dentro das regras da democracia liberal, com eleições, e, estando no poder, consolidou-se via golpes.

C. Na Itália


• Crise econômica e social após a Primeira Guerra deságua na crise política. Embora a Itália tenha ficado do lado vencedor da guerra, não foi beneficiada por ela. Ao contrário, a desmobilização das forças armadas aumentou o desemprego e o caos social.
• Benito Mussolini fundou o Partido Nacional Fascista, pregando a união de todas as classes em torno de uma Itália forte como já foi um dia, na República e no Império Romano. Daí o resgate dos símbolos (fascio) e do gesto (mão direita estendida e corpo ereto).
• Os Camisas Negras (força paramilitar de direita) usava a violência como forma de ação política.
• Em 1922 ocorre a Marcha Sobre Roma na qual mais de cinquenta mil fascistas demonstram a força do Partido. O rei Vitor Emanuel III convoca Mussolini para chefiar o gabinete ministerial, como Primeiro Ministro. O fascismo chegou ao Poder Executivo.
• Em abril de 1924, os fascistas eleitos ocupam 65% das cadeiras do Parlamento. O fascismo chegou ao Poder Legislativo.• Giacomo Matteotti, deputado socialista eleito, usando do direito de sua palavra, denunciou os abusos e a violência fascistas nas eleições de abril, apresentando provas. Em 10 de junho de 1924, foi assassinado pelas forças fascistas.

AS LEIS FASCISTÍSSIMAS
• Foram publicadas em 1925, por Mussolini, o “DUCE”, consolidando a Ditadura de Estado Único, Partido Único e Chefe Único.
• O executivo pode legislar por decretos;
• O parlamento não controla o executivo;
• Censura à imprensa e às produções artísticas;
• Limitada a liberdade de associação;
• Proibidos sindicatos e organizações não fascistas;
• Extintos governos provinciais e municipais;
• Expulsos do Parlamento deputados não fascistas;
• Publicada a Carta del Lavoro: o Estado passa a ser mediador entre capital e trabalho.

TEXTO DE MUSSOLINI
“O princípio essencial da doutrina fascista é a concepção do Estado, de sua essência, de seu papel, de seus fins. Para o fascismo, e Estado é absoluto. Perante ele, os indivíduos são o relativo. Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado.
(…)O indivíduo não existe senão dentro do Estado (…) Representamos a antítese clara …da democracia, da plutocracia… A guerra [Primeira Guerra Mundial] foi revolucionária no sentido em que liquidou … o século da democracia, o século do número, da quantidade”

• A indústria bélica foi a alavanca da recuperação econômica. A militarização nacional completava o quadro. (“Quem tem canhão, tem pão!”)
• Em 1929, foi assinado o Tratado de Latrão, pondo fim à Questão Romana, que se arrastava desde a unificação da Itália em 1861. O papa Pio XI via no fascismo um aliado contra “o perigo bolchevista”. Foi criado o Estado do Vaticano e a religião católica assumida pelo Estado Fascista.

EXPANSÃO DA ITÁLIA FASCISTA
• Invasão da Etiópia;
• Acordo com Franco, na Espanha;
• Participação direta na Guerra Civil Espanhola;
• Pacto ANTIKOMINTERN (Anticomunismo Internacional) com Hitler e Hiroito;
• Formação do EIXO Roma-Berlin-Tóquio.

D. Na Alemanha


A REPÚBLICA DE WEIMAR (1919 a 1933)

• República Parlamentar Liberal substituiu o II Reich, ao fim da Primeira Guerra Mundial. O Presidente era Friederich Ebert, até 1925, quando faleceu.
• A Alemanha sofreu os efeitos da Primeira Guerra Mundial e do Tratado de Versalhes, de junho de 1919: caos econômico e financeiro, hiperinflação, desemprego, nacionalismo ferido.
• Enquanto a Alemanha vivia o colapso, o bolchevismo russo, no poder desde novembro de 1917, inspirava e fortalecia a esquerda alemã, o Movimento Espartaquista, liderado por Rosa Luxemburgo e Karl Liebnecht.
• A repressão à Revolta Espartaquista foi violenta e seus líderes brutalmente assassinados em 1919. A esquerda alemã entrou em refluxo.
• Em 1923, o Vale do Ruhr foi ocupado por tropas franco-belgas exigindo o pagamento da dívida de guerra estipulada no Tratado de Versalhes
• Ainda em 1923, Hitler e outros nazistas fracassaram na tentativa de golpe, o Putsch de Munique (ou “da Baviera”, ou ainda “da Cervejaria”). O fracasso do golpe levou Hitler à prisão em Landsberg e fez refluir o número de simpatizantes do nazismo.
Hitler e outros nazistas na prisão




O NACIONAL-SOCIALISMO

O PARTIDO NAZISTA (Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães) foi refundado em 1925, mas não teve êxito eleitoral até 1929.
• Os Camisas Pardas, força paramilitar de ação violenta contra adversários do nazismo.
• Uso da propaganda como força para atingir as massas.
• Livro: Mein Kampf (“Minha Luta”), atribuído a Hitler, escrito enquanto esteve na prisão.
• Ideologia: fascismo e racismo
• Forças : SS (Tropas de Elite) , SA (Tropas de Assalto) e GESTAPO (Polícia Secreta)

Em 1926, Hindemburgo, um militar de carreira, foi eleito para a Presidência da República de Weimar, no lugar de Ebert, que morreu em 1925.
A Crise de 1929 atingiu em cheio a combalida Alemanha: o pouco capital externo foi repatriado, acelerando o desemprego e os choques entre grupos radicais à direita e à esquerda. Em meio à crise e a esse crescimento acelerado do desemprego, cresceu o Partido Nazista. Em 1928, menos de 1 milhão de eleitores votaram no Partido Nazista, que conseguiu apenas 12 cadeiras no Reichstag, o Parlamento alemão. Em 1930, com mais de 6 milhões de votos, o partido conseguiu 107 cadeiras e, em 1932, 14 milhões de votos deram 230 vagas aos nazistas no Parlamento.

Diante do crescimento do Partido Nazista, o Presidente Hindemburgo convocou Hitler para o cargo de Chanceler (Primeiro Ministro)

INCÊNDIO NO REICHSTAG – 1933
Atribuído aos comunistas, foi, de fato, o GOLPE NAZISTA: dissolvido o Poder Legislativo, que passa a ser exercido pelo Poder Executivo, ou seja, por Adolf Hitler e o Partido Nazista.
Com a morte de Hindemburgo (Presidente), o chanceler (1º Ministro) acumula os dois cargos. Segundo a Constituição, novas eleições deveriam ser realizadas. Contudo, não houve eleições. O nazismo se consolidou no poder.
O III REICH (1933 a 1945)
• O Estado tornou-se unitário eliminando o caráter federativo
• Foram dissolvidos os partidos, exceto o Nazista;
• O Estado passou a dirigir a economia, apoiado pela burguesia e demais proprietários;
• Recuperação acelerada da economia, através do estímulo à indústria bélica, à militarização nacional, que reduziu o desemprego. Portanto, rompeu o Tratado de Versalhes que, para o nazismo era um diktat (ditado);
• Luta pelo “Lebensraum” ou “Espaço Vital”, visando à recuperação de territórios perdidos pela Alemanha pelo Tratado de Versalhes de 1919;
• Racismo e a “Questão Judaica”;
• Eliminação de oposições até dentro do poder, como na “Noite dos Longos Punhais” (30/06/1934), em que a SS de Himmler matou mais de mil integrantes da SA de Röhm, sob a alegação de um pretenso golpe contra Hitler.

O PROBLEMA JUDEU
Em 15/9/1935 foram publicadas as Leis Raciais de Nuremberg
• Os judeus são declarados fora da lei, excluídos do direito de voto, expulsos do emprego público;
• A propaganda oficial estimula a histeria popular contra os judeus, como na “Noite dos Cristais” (9/11/1938): 91 judeus foram mortos e cerca de 25000 a 30000 foram presos e levados para campos de concentração. 7500 lojas judaicas e 1600 sinagogas foram reduzidas a escombros;
• Desde 1939, foram criados campos de concentração, como os de Auschwitz, Sobibor, Treblinka e outros
• Os bens dos judeus foram confiscados. As grandes e/ou estratégicas empresas foram estatizadas e as pequenas entregues a pessoas do povo;
• Os prisioneiros judeus formam uma enorme massa de mão-de-obra gratuita em quase todos os setores da economia, inclusive na linha de produção de grandes indústrias;
• Os judeus, na Alemanha e nos territórios ocupados, foram vítimas do sistema de trabalhos forçados do regime nazista. Eram humilhados e tinham suas imagens publicamente denegridas. O cinismo do regime chegava ao ápice nas inscrições lidas nos portões de entrada dos campos de concentração: "O trabalho liberta" (Arbeit macht frei).

EXPANSÃO DO III REICH
• Hitler alega o “Problema do Espaço Vital”;
• Democracias liberais adotam a “Política de Apaziguamento” em relação a Hitler;
• Retira-se da Liga das Nações (outubro/1933);
• Ocupação militar da Renânia (março/1936);
• Participação na Guerra Civil Espanhola (1936/39);
• Anexação da Áustria (Anschluss, março/1938);
• Questão dos Sudetos checos resolvida na Conferência de Munique (setembro/1938);
• Invasão da Checoslováquia (março/1939);
• Pacto Ribbentrop-Molotov com a URSS de Stálin (23/08/1939)
• Invasão da Polônia (01/09/1939), fato que fez eclodir a Segunda Guerra Mundial.
Hitler e Stálin, caricatura do Pacto Germano-Sociético

Lei mais: http://poetawagner.blogspot.com.br/2011/10/o-nazismo-e-o-trabalho-escravo.html








Apenas como curiosidade: o fascio também é usado no símbolo do Senado dos Estados Unidos da América, como se vê na imagem acima.



Ainda apenas como curiosidade, Bento XVI fez parte da Juventude Hitlerista.

Poema

Você pode me riscar da História
Com mentiras lançadas ao ar.
Pode me jogar contra o chão de terra,
Mas, ainda assim, como poeira,
Eu vou me levantar.

Minha presença o incomoda?
Por que meu brilho o intimida?
Porque eu caminho como quem possui
Riquezas dignas do grego Midas.
Como a Lua e como o Sol no céu,
Com a certeza da onda do mar,
Como a esperança emergindo da desgraça,
Assim eu vou me levantar.

Você não queria me ver quebrada?
Cabeça curvada e olhos para o chão?
Ombros caídos como lágrimas,
Minha alma enfraquecida pela solidão?
Meu orgulho o ofende?
Tenho certeza que sim,
Porque eu rio como quem possui
Ouros escondidos em mim.
Pode me atirar palavras afiadas,
Dilacerar-me com seu olhar,
Você pode me matar em nome do ódio.
Mas, ainda assim, como o ar,
Eu vou me levantar.

Minha sensualidade incomoda?
Será que você pergunta
Por que eu danço como se tivesse
Um diamante onde as coxas se juntam?

Da favela, da humilhação imposta pela cor
Eu me levanto.

De um passado enraizado na dor
Eu me levanto.

Sou um oceano negro, profundo na fé,
Crescendo e expandindo-se como a maré.
Deixando para trás noites e terror e atrocidade,
Eu me levanto

Em direção a um novo dia de intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom de meus antepassados,
Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.
E assim, eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto.

(Maya Angelou, poetisa afro-americana)