Em
09/01/2003, foi aprovada a Lei 10.639, que determina: “Nos estabelecimentos de Ensino
Fundamental e Médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino
sobre História e Cultura Afro-Brasileira”. E ainda “O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como
Dia Nacional da Consciência Negra.”
Visão de
Padre Vieira
“Oh, se a gente preta tirada
das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a
Deus e a Sua Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e
desgraça, e não é senão milagre, e grande milagre!”
(VIEIRA,
Padre Antônio. Sermão XIV)
Mais Padre
Vieira
“Não há trabalho, nem gênero
de vida no mundo mais parecido à cruz e paixão de Cristo, que o vosso em
um desses engenhos. Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado [...]
Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as
prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isso se compõe a
vossa imitação, que se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de
martírio”.
(VIEIRA. Sermões. Apud BOSI,
Alfredo. A dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras,
1992, p. 172.)
Visão de
Hegel
“A África não é uma parte
histórica do mundo, não oferece nenhum movimento, desenvolvimento ou progresso
próprio. (…) O que entendemos propriamente por África é o espírito sem
história, o espírito ainda não desenvolvido, envolto nas condições naturais.” (Hegel, 1830)
ALGUMAS RESPOSTAS À IGNORÂNCIA:
“O Brasil é um país extraordinariamente
africanizado. E só a quem não conhece a África pode escapar o quanto há de
africano nos gestos, nas maneiras de ser e de viver e no sentimento estético do
brasileiro (…)
O escravo ficou dentro de nós, qualquer que
seja nossa origem(…)
Com ou sem remorsos, a escravidão é o processo
mais longo e mais importante de nossa história”.
(COSTA E
SILVA, A. O Brasil, a África e o Atlântico no Século XIX)
Você
pode me riscar da História
Com
mentiras lançadas ao ar.
Pode
me jogar contra o chão de terra,
Eu
vou me levantar.
Minha presença o
incomoda?
Por que meu brilho o
intimida?
Porque eu caminho como
quem possui
Riquezas dignas do
grego Midas.
Como a Lua e como o Sol
no céu,
Com a certeza da onda
do mar,
Como a esperança
emergindo da desgraça,
Assim eu vou me
levantar.
Você não queria me ver
quebrada?
Cabeça curvada e olhos
para o chão?
Ombros caídos como
lágrimas,
Minha alma enfraquecida
pela solidão?
Meu orgulho o ofende?
Tenho certeza que sim,
Porque eu rio como quem
possui
Ouros escondidos em
mim.
Pode me atirar palavras
afiadas,
Dilacerar-me com seu
olhar,
Você pode me matar em
nome do ódio.
Mas, ainda assim, como
o ar,
Eu vou me levantar.
Minha sensualidade
incomoda?
Será que você pergunta
Por que eu danço como
se tivesse
Um diamante onde as
coxas se juntam?
Da favela, da
humilhação imposta pela cor
Eu me levanto.
De um passado enraizado
na dor
Eu me levanto.
Sou um oceano negro,
profundo na fé,
Crescendo e
expandindo-se como a maré.
Deixando para trás
noites e terror e atrocidade,
Eu me levanto
Em direção a um novo
dia de intensa claridade
Eu me levanto
Trazendo comigo o dom
de meus antepassados,
Eu carrego o sonho e a
esperança do homem escravizado.
E assim, eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto.
(Maya Angelou, poetisa
afro-americana)
Mãe
Por Mario Luiz
Mãe Negra que na Savana
Deu-me a luz entre os leões
Sob um rubro pôr-do-sol
Que nossa pele inflama.
Mãe Guerreira, protetora e gentil,
Olhai por teus filhos que sangram
Por entre tuas mãos trêmulas,
Submetidos à condição servil.
Mãe Natureza, selvagem e amável,
Aceitai-nos em teus braços.
Saciando a fome de almas esquecidas
E corpos miseráveis.
Mãe Africana, perdão, mamãe... perdão
Se para longe de ti me levaram,
E na terra de Vera Cruz me forçaram
A silenciar tua voz em meu coração.
Que as chibatadas que lambem minhas costas
Possam servir para despertar a força que plantaste em
minh’alma.
Oiram Ziul
AS ÁFRICAS QUE COLOREM A CULTURA DO BRASIL
“Depois de uma dura travessia
pelo oceano Atlântico, os negros africanos foram obrigados a mudar sua maneira
de viver, adaptando seus costumes e suas tradições ao novo ambiente.
Misturando-se aos povos que aqui encontraram, esses negros deram origem à
mestiçagem que amorenou a nossa pele, alongou nossa silhueta, encrespou nossos
cabelos e nos conferiu a originalidade de gestos macios e andar requebrado. Ao
incorporarem elementos africanos ao seu dia-a-dia nas lavouras, nos engenhos de
açúcar, nas minas e nas cidades, construíram uma nova identidade e nos legaram
o que hoje chamamos de cultura afro-brasileira.”
Fonte: trecho da Apresentação do livro África e Brasil Africano, de Marina de Mello e Souza, Editora Ática.
HERANÇA MUSICAL AFRICANA
O universo musical africano
expandiu-se de tal modo que definiu os caminhos da música popular no mundo
ocidental. A lista das tendências que se projetaram a partir dele na música
popular norte-americana é interminável: jazz, rap,
soul, gospel, funk, rock,
pop, house, dance, spiritual...
O mesmo pode ser dito da música popular na América Central e na América do Sul.
O reggae jamaicano e a inesgotável reserva rítmica de Cuba,
que lançou o mambo, a rumba, a salsa,
a conga e a habanera.
No centro da música brasileira
está o SAMBA. Sem falar no lundu, no maxixe,
no baião, no afoxé, no carimbó...
As danças africanas se fazem
numa mistura de sons, canções, batuques, ritmos e movimentos tradicionais com
um toque de cores, expressões, gingado, espontaneidade e sensualidade dos
corpos em movimento rítmico harmonioso.
Marcos César de
Oliveira Pinheiro
O PIONEIRISMO AFRICANO
Falar em história da África é falar sobre a história humana. Afinal, foi lá que
surgiu o Homo sapiens, cerca de 160 mil anos atrás. Portanto, a humanidade
desenvolveu-se primeiro no continente africano e, progressivamente e por levas
sucessivas, foi povoando o planeta inteiro. De lá, partiram os habitantes que
constituíram os primeiros núcleos urbanos na Europa mediterrânea, América, Ásia
e Oceania.
Quando se pensa em civilização, também a África foi pioneira. A importância do
continente no mundo antigo é hoje inegável. Sobretudo a partir da ascendência
civilizatória milenar do Egito faraônico sob as civilizações que beiravam o
Mediterrâneo: persa, assíria, hitita, cretense, helênica, hebraica e outras.
Trata-se de uma história de 7 mil anos que formou a base sociocultural da
maioria das civilizações na Antiguidade. A cultura egípcia teve importante
influência para a expansão das artes, das ciências empíricas (matemática,
geometria, biologia, astronomia etc.), da filosofia da natureza e do pensamento
religioso.
Da África saíram, a partir do século XVI, levas de escravos que vieram para as
Américas no período da escravidão e participaram da formação do Brasil.
No século XX, após longas lutas de independência, constituíram-se novas nações
na África.
Com sua arte, cultura e tradições, os africanos influenciaram e continuam a
influenciar o mundo.
Marcos César de
Oliveira Pinheiro
Falar em história da África é falar sobre a história humana. Afinal, foi lá que surgiu o Homo sapiens, cerca de 160 mil anos atrás. Portanto, a humanidade desenvolveu-se primeiro no continente africano e, progressivamente e por levas sucessivas, foi povoando o planeta inteiro. De lá, partiram os habitantes que constituíram os primeiros núcleos urbanos na Europa mediterrânea, América, Ásia e Oceania.
Quando se pensa em civilização, também a África foi pioneira. A importância do continente no mundo antigo é hoje inegável. Sobretudo a partir da ascendência civilizatória milenar do Egito faraônico sob as civilizações que beiravam o Mediterrâneo: persa, assíria, hitita, cretense, helênica, hebraica e outras. Trata-se de uma história de 7 mil anos que formou a base sociocultural da maioria das civilizações na Antiguidade. A cultura egípcia teve importante influência para a expansão das artes, das ciências empíricas (matemática, geometria, biologia, astronomia etc.), da filosofia da natureza e do pensamento religioso.
Da África saíram, a partir do século XVI, levas de escravos que vieram para as Américas no período da escravidão e participaram da formação do Brasil.
No século XX, após longas lutas de independência, constituíram-se novas nações na África.
Com sua arte, cultura e tradições, os africanos influenciaram e continuam a influenciar o mundo.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir