sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

PRIVATIZAÇÃO DA USP


Folha de S. Paulo
Uma campanha descarada pela privatização da USP
Colunista da Folha de S. Paulo, Hélio Schwartsman, analisa e defende a situação “inevitável da privatização da mais importante universidade brasileira

15 de fevereiro de 2011
A enorme rejeição popular diante da possibilidade de privatização da USP faz com que a burocracia universitária e o próprio governo evite defendê-la claramente. Neste momento, um dos porta-vozes da direita no estado de S. Paulo, o jornal Folha de S. Paulo, aos poucos coloca o tema de forma clara. O colunista Hélio Schwartsman inicia seu artigo afirmando “Do jeito que está ocorrendo, a chamada ´privatização da USP´ vem de forma atabalhoada e provavelmente ilegal.” (Falta ao país fazer o debate sobre a gratuidade do ensino superior público, Folha de S. Paulo, 14/2/2011).
A defesa da privatização aparece com a cobertura de que privatização já é uma realidade e nada mais pode ser feito. Schwartsman afirma em seu texto: “sem controles formais mais rígidos, é difícil até saber se a universidade recebe uma remuneração adequada por emprestar sua estrutura e marca a cursos que não se distinguem daqueles oferecidos pela iniciativa privada.” E chega no ponto principal que é a defesa da privatização da USP “São erros de procedimento que não desmerecem a discussão de fundo: a universidade pública deve ou não ser gratuita?” (idem)
Apesar de dizer que os dois lados têm bons argumentos, a gratuidade do ensino superior para ele é a seguinte: “Universidade gratuita é algo que contraria as leis da física e da economia.” (idem)
Finaliza afirmando que “A grande verdade é que, enquanto vários países já travaram esse debate e tomaram sua decisão, por aqui nós o estamos evitando - e apelando a gambiarras.”.
O autor reforça que a privatização já está sendo colocada em prática, mas de forma camuflada para evitar a revolta da comunidade universitária e popular.
É importante esclarecer que apesar do disfarce há uma evolução na política da privatização que já está sendo defendida abertamente. Além do significativo passo de o PSDB colocar Rodas como interventor na USP para adiantar este processo.
Está claro que a privatização da USP é a porta de entrada para acabar com o ensino superior público e gratuito no País.
Para reforçar a tese apresentada pelo colunista, foram publicadas mais duas matérias “15 mil alunos pagam por cursos da USP - Programas de especialização, oferecidos pelas faculdades dentro do campus, chegam a custar quase R$ 30 mil”, que se inicia com “"A Universidade de São Paulo (USP) é pública e gratuita", afirma o site oficial da instituição. Neste ano, porém, 15 mil matrículas uspianas (de um total de quase 114 mil) serão preenchidas por alunos pagantes.”; “Promotoria já atuou contra as cobranças”. Para tentar convencer e mostrar aos leitores que a estrutura para a privatização já está toda criada.
Mais do que em qualquer outro momento, a tarefa do movimento estudantil é defender a USP de todos os ataques promovido pelo reitor-interventor João Grandino Rodas e barrar a privatização.
http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=26604

23 de novembro de 2011 às 0:15

USP: Privatização e militarização

por Francisco Alambert, Francisco de Oliveira, Jorge Grespan, Lincoln Secco, Luiz Renato Martins e Marcos Soares, sugestão de Ricardo Maciel
da Folha de S. Paulo
As razões da militarização do campus da USP transcendem os limites e dados recentes a partir dos quais tem sido discutida. Por que não propor a mudança do teor ermo e rural do campus por sua urbanização efetiva, o aumento de cursos noturnos etc.?
Em vez disso, a reitoria traz coturnos, controles e revistas, rasantes de helicópteros, que rasgam o pensamento e a escuta (que atenção resiste à rotação das hélices?), e bombas; logo virão cães… Insiste em ações de respostas e sequelas imprevisíveis. Já se tem os vultos cauta e justamente encapuzados dos nossos estudantes contra a reitoria ditatorial e policialesca.
Por que a insistência no trauma, na indignidade, no modo custoso e descabido? A verdade é que a militarização, ou terceirização da segurança, deriva da privatização em curso da USP.
Combina-se ao sucateamento, no campus, do hospital, da moradia estudantil e do transporte, aos cursos pagos e escritórios externos. Com que fim? Recordemos.
O primeiro ato da gestão Serra foi criar a Secretaria de Ensino Superior, englobando as universidades estaduais e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), com orçamento de grande estatal, superior ao de Estados.
O pacote privatista cindia pesquisa e ensino, sediava a pesquisa em ilhas, associando-a a empresas, substituía o ensino presencial por telecursos e submetia o todo a critérios empresariais.
Resultou em greves por todo o Estado, na primeira ocupação da reitoria da USP (maio-junho, 2007) e na demissão do secretário Pinotti.
O governo, porém, não desistiu. Passou a priorizar a liquidação do movimento que obstou o primeiro carro-chefe da campanha de Serra à Presidência. Fez a reitoria nomear um investigador de polícia como diretor de segurança da USP no final do ano de 2007.
Os furtos no campus seguiram, mas o alvo era outro: em 2008, a reitoria demitiu um dirigente sindical, apesar da imunidade constitucional do cargo, e implantou a estratégia de processos administrativos e penais seriais contra os sindicalistas e estudantes.
À rádio Bandeirantes, o reitor afirmou, em 2010, que a USP era como os “morros do Rio” e que requeria uma intervenção como a do Haiti. Hoje, cinco dirigentes sindicais encontram-se em vias de demissão, até por “crime de opinião”, e 25 estudantes, às portas da expulsão, com base em artigo que proíbe a difusão de ideias políticas no campus; com as prisões recentes dos 73, ascende a quase cem a lista dos estudantes perseguidos.
De fato, a USP, sem acesso universalizado — ao contrário de universidades públicas da Argentina e do México—, ainda não se pôs, como deve, a serviço da sociedade como um todo.
Está, no entanto, a sociedade ciente do processo em curso e disposta a prosseguir na dilapidação e cessão a grupos privados do enorme potencial da universidade?
O reitor Rodas acelera vertiginosamente a fratura social e política da USP. É preciso caminhar para uma estatuinte, sem o que não haverá concórdia e paz.
Os problemas da USP, inclusive os de malversação e de uso obscuro de bens, são em sua raiz políticos, e se reproduzem por um regimento herdado do autoritarismo, que fere toda ordem democrática.
Sua solução passa, como a do país, pelo sufrágio universal, pela abertura social, pela preservação da gratuidade, pela multiplicação de cursos noturnos e pelo incentivo a pesquisas em diálogo real com as necessidades nacionais.
Francisco Alambert é professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH-USP).
Francisco de Oliveira é professor emérito da FFLCH-USP.
Jorge Grespan é professor da FFLCH-USP.
Lincoln Secco é professor da FFLCH-USP.
Luiz Renato Martins é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP.
Marcos Soares é professor da FFLCH-USP.
http://www.viomundo.com.br/politica/usp-privatizacao-e-militarizacao.html

Um comentário:

  1. Esse aparecimento infeliz de cursos pagos não é um problema só na USP. A Unicamp possui há 20 anos a escola de extensão, que já é praticamente uma universidade particular dentro de uma pública. Existem matérias de pós-graduação que não estão disponíveis para os cursos da universidade, mas estão para a escola de extensão. Isso é um absurdo!

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