ÁFRICA
“As
agências internacionais de notícias têm falseado enormemente a realidade dos
problemas africanos contemporâneos, por seus enfoques episódicos e parciais.
(…) o crivo ocidentalizante é tão forte que a realidade africana é pintada como
um quadro de figuras exóticas, caricaturais, onde os homens não têm consciência
de que fazem história”.
(SARAIVA, José Flávio
Sombra. Formação da África Contemporânea.
São Paulo. Atual, 1987)
A IGREJA CATÓLICA NO SÉCULO XV
A IGREJA CATÓLICA NO SÉCULO XV
“(...) nós lhe concedemos, por estes presentes
documentos, com nossa Autoridade Apostólica, plena e livre permissão de
invadir, buscar, capturar e subjugar (...) reduzir suas pessoas à perpétua
escravidão.”
(Papa Nicolau V, pela Bula Dum Diversas, em 1452, autorizando Portugal a
escravizar africanos)
PRECONCEITO
(Palavras de Charles Linné, 1778)
•
" Homem Selvagem: quadrúpede, mudo, peludo
• Americano:
cor de cobre, colérico, ereto. Cabelo negro, liso, espesso; narinas largas,
semblante rude, barba rala; obstinado, alegre, livre. Guia-se pelo costume.
• Europeu:
claro, sanguíneo, musculoso; cabelo louro, castanho, ondulado; olhos
azuis; delicado, perspicaz, inventivo. Coberto por vestes justas.
Governado por leis.
• Asiático:
escuro, melancólico, rígido; cabelos negros; olhos escuros, severo, orgulhoso,
cobiçoso. Coberto de vestimentas soltas. Governado por opiniões.
• Africano:
negro, fleumático, relaxado. Cabelos negros, crespos; pele acetinada; nariz
achatado, lábios túmidos; engenhoso, indolente, negligente. Unta-se com
gordura. Governado pelo capricho."
PRECONCEITO
“Oh,
se a gente preta tirada das brenhas da sua Etiópia, e passada ao Brasil,
conhecera bem quanto deve a Deus e a Sua Santíssima Mãe por este que pode
parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não é senão milagre, e grande
milagre!” (VIEIRA, Padre
Antônio. Sermão XIV)
PRECONCEITO
“Não há
trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e paixão
de Cristo, que o vosso em um desses engenhos. Em um engenho sois imitadores de
Cristo crucificado [...] Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isso se compõe a vossa imitação, que se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio”. (VIEIRA. Sermões. Apud BOSI, Alfredo. A dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 172.)
Cristo crucificado [...] Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isso se compõe a vossa imitação, que se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio”. (VIEIRA. Sermões. Apud BOSI, Alfredo. A dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 172.)
PRECONCEITO
(Palavras de Hegel, em 1830)
Caçador bosquímano |
HISTÓRIA ORAL
“Qualquer adjetivo seria fraco para qualificar a importância que a
tradição oral tem nas civilizações e culturas africanas. Nelas, é a palavra
falada que
transmite de geração a geração o patrimônio cultural de um povo. A
soma de conhecimentos sobre a natureza e a vida, (…) o relato dos eventos do
passado (…), o canto ritual, a lenda, a poesia – tudo isso é guardado pela
memória coletiva, a verdadeira modeladora da alma africana e arquivo de sua
história. Por isso, já se disse que “cada ancião que morre na África é uma
biblioteca que se perde”. (Amadou
Hampaté Bâ. A Palavra, Memória Viva na África)
Um griot (contador de histórias) |
PROBLEMAS DA FALTA DE DOCUMENTOS
ESCRITOS
“A
ausência de documentos escritos (...) para as provas materiais em que os
cientistas baseiam suas descobertas, acrescidos de uma pressuposição há muito
divulgada entre os cientistas brancos de que os africanos negros seriam
incapazes de produzir semelhantes civilizações, criaram enorme obstáculos à
descoberta da verdade”. (Mitchell
Adams. Zimbábue, Uma Civilização Africana Desaparecida. Em Os
últimos Mistérios do Mundo. Lisboa. Seleções do Reader’s Digest, 1979)
ESCRAVIDÃO ANTES DA CHEGADA DOS
EUROPEUS
“O
escravo era uma espécie de parente – com direitos diferentes de outros
parentes, diferentes posições na família e no lar, mas, no entanto, um espécie
de parente. Os escravos tinham de ser ou capturados, ou adquiridos de seus
parentes, que os “vendiam como escravos”. Isto significa que (…) alguns grupos
pegavam seus criminosos ou, geralmente, parentes não desejados e executavam o
ritual que “rompia o parentesco”. (…) Esses escravos trabalhavam (…) mas também
casavam-se, inseriam suas famílias no grupo social e formavam uma parte
legítima da família ampliada”. (BOHANNON. Paul. História
Ilustrada da Escravidão)
“A ÁFRICA VIVE (...) PRISIONEIRA DE
UM PASSADO INVENTADO POR OUTROS”
(Mia Couto, Um Retrato Sem Moldura)
SOMOS TODOS AFRICANOS
A teoria mais aceita entre os pesquisadores é de que o Homem, a partir da África, seu lugar de nascimento, migrou para os outros cantos do mundo.
ALGUNS NÚMEROS
(Dados aproximados)
Terceiro continente em terras: 22,5% do globo
Área aproximada: 30.000.000km2
54
países (em 2011)
10% da população mundial.
Indústria não chega a 1% da mundial
Disparidade de riqueza entre as nações
10% da população mundial.
Indústria não chega a 1% da mundial
Disparidade de riqueza entre as nações
90%
da platina do mundo,
75%
do titânio,
66%
da produção de diamantes,
57% da produção de ouro,
45% do cobalto,
23% do antimônio e do fosfato,
17% do manganês,
15% da bauxita e do zinco,
10% do cromo e do petróleo.
57% da produção de ouro,
45% do cobalto,
23% do antimônio e do fosfato,
17% do manganês,
15% da bauxita e do zinco,
10% do cromo e do petróleo.
HIV em 2012
No
mundo – 35,3
milhões
Na África Subsaariana – 25 milhões
IDH em 2013
Dos 40 países de índices mais baixos, 34 são
da África Subsaariana.
RENDA NA ÁFRICA SUBSAARIANA (2010)
48,5% inferior a US$ 1,25 por dia
PIB AFRICANO (2012)
2,8% do
PIB mundial
MORTALIDADE INFANTIL (2012)
1. Serra Leoa: 117 (por mil nascidos)
2. Angola: 100
3. Rep. Democrática do Congo: 100
4. Rep. Centro-Africana: 91
5. Somália: 91
Por comparação:
Brasil: 13
Japão, Luxemburgo, Noruega, Suécia, Liechenstein: 2
REFUGIADOS
Em 2012, 12 milhões de refugiados:
fome, doenças, perseguições religiosas, guerras tribais, epidemias.
ÁFRICA NORTE-SAARIANA OU MEDITERRÂNEA
Predomínio étnico de camitas, semitas, tuaregues e etíopes.
A História da África se cruza com a dos egípcios, dos fenícios, dos cartagineses, dos gregos, dos macedônicos de Alexandre Magno. Com a História da expansão romana e do Império Bizantino, com a História da formação do reino dos vândalos (bárbaros), do Império Árabe Muçulmano (do século VIII ao XV) e do Império Turco Otomano (do século XV ao XX)
REINOS AFRICANOS HISTÓRICOS
Predomínio étnico de camitas, semitas,
tuaregues, etíopes, bantos e sudaneses.
REINO DE KUSH:
Ao Sul do Egito, onde hoje é o Sudão.
Rico e oro, intermediário comercial entre o Egito e a África Central. Chegou a
tomar o Egito, onde reinou por 70 anos (25ª Dinastia), até ser conquistado
pelos assírios.
REINO DE AXUM:
Onde hoje é a Etiópia. Comércio regular
com povos do Mediterrâneo, Mar Vermelho, Pérsia, Índia, Ceilão e Império
Bizantino. Era reino cristão e foi derrotado e isolado pela expansão islâmica
do século VII.
REINO DE ZIMBÁBUE:
Poderoso até a chegada dos portugueses,
com a produção de joias de ouro, peças de marfim e de cobre.
REINO DE GANA:
Hoje, Mali e Mauritânia.
Domesticação de camelos, comércio com
povos berberes: ouro, sal tecidos, cavalos, tâmaras. Apogeu entre os séculos X
e XII.
REINO DE MALI:
Hoje, Mali, Senegal e Guiné.
Dominou o Reino de Gana, no séc. XIII, liderados pelo
príncipe Sundiata Keita. Dominou
toda a bacia do rio Niger. Construção
de ricas mesquitas e grandes centros de estudos, como o de Tombuctu, atraindo
cientistas, poetas, literatos, religiosos. Realização
de suntuosas peregrinações a Meca, como a de 1325. Dominada
pelo reino de Songhai no final do século XIV
REINO DE SONGHAI:
Vasto
território a sudoeste do Saara.
Universidades, como a de Sankore (séc. XII) e,
depois, em Tombuctu (séc. XIV e XV).
Ataques
do norte e de portugueses.
REINO IORUBÁ
REINO IORUBÁ
Formado no século XI, desenvolveu a manufatura de tecidos
e a metalurgia do cobre e do bronze. A língua iorubá e a religião dos orixás
espalharam-se por muitos povos africanos e foram transportados para a América,
especialmente para o Brasil, através do tráfico negreiro.
ÁFRICA SUBSAARIANA
Há uma diversidade étnica, cultural e linguística, com organização em famílias, clãs e tribos com economia fundada na caça, na pesca, no extrativismo e na agricultura itinerante.
A abundância de espaço e grande oferta de sobrevivência natural dificultam a fixação de base territorial, ao contrário dos povos da África Norte-Saariana.
RELIGIÕES NAS ÁFRICAS
Características gerais: oralidade (sociedades ágrafas), politeismo, animismo (crença em espíritos presentes na Natureza), crença na vida pós-morte e na reencarnação.
Algumas correspondências entre as
entidades africanas e as católicas são riquíssimas:
• Exu - Santo Antônio, no Rio de Janeiro, Bará no Rio Grande do Sul;
• Oxumaré - São Bartolomeu;
• Ogum - São Jorge;
• Oxossi - São Sebastião (São Jorge na Bahia);
• Xangô - São Jerônimo, São João Batista, São Miguel Arcanjo;
• Iemanjá - Nossa Senhora dos Navegantes;
• Oxum - Nossa Senhora da Conceição;
• Iansã - Santa Bárbara;
• Omulu - São Roque;
• Obá - Santa Rita de Cássia, Santa Joana d'Arc;
• Obaluaê - São Lázaro;
• Nanã - Sant'Anna;
• Oxalá - Divino Jesus Cristo.
As religiões africanas acreditam na existência de uma fonte criadora universal, um Deus supremo, chamado Olorum. Algumas das entidades, quando incorporadas, podem nomeá-lo de outra forma, como por exemplo, Zambi para os pretos-velhos, Tupã para caboclos, entre outros, mas são todos o mesmo Deus.
Pregam a obediência aos ensinamentos básicos dos valores humanos, como: fraternidade, caridade e respeito ao próximo, sendo a caridade uma máxima encontrada em todas as manifestações existentes.
O aspecto animista defende o culto aos orixás como manifestações divinas, em que cada orixá controla e se confunde com um elemento da natureza do planeta ou da própria personalidade humana, em suas necessidades e construções de vida e sobrevivência;
A manifestação dos Guias exercita o trabalho espiritual incorporado em seus médiuns ou "aparelhos"; o mediunismo é uma forma de contato entre o mundo físico e o espiritual, e manifesta-se de diferentes formas:
1. Uma doutrina, uma regra, uma conduta moral e espiritual que é seguida em cada casa de forma variada e diferenciada, mas que existe para nortear os trabalhos de cada terreiro;
2. A crença na imortalidade da alma;
3. A crença na reencarnação e nas leis cármicas
Além das religiões tipicamente nascidas da cultura africana, em muitos povos africanos é forte a presença das três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo
POVOS
AFRICANOS: DESTAQUES
Etnias africanas |
Bantos: Predominantes na região sul da África,
representam o grupo mais numeroso do continente, divididos em centenas de
subgrupos.
Pigmeus: caracterizados por
apresentarem pele negra e pequena estatura, se concentram na região da África
Equatorial.
Sudaneses: Dedicados à agricultura, os sudaneses
habitam as savanas localizadas entre a região do Atlântico até o vale do Rio
Nilo. Chegaram a apresentar um elevado estágio de civilização no contexto das
Grandes Navegações.
Nilotas: Habitam a região sul do rio Nilo e são
caracterizados por apresentarem pele negra e elevada estatura.
Khoikhoi: Concentrados no Sudoeste da África,
são conhecidos pelos europeus como hotentotes. Ocupavam uma extensa faixa no
sul da África.
Bérberes: Conjunto de povos que vivem no Norte
da África e que falam as línguas bérberes. Convertida ao islamismo a partir do
século VIII, essa população se insere nas mais variadas etnias que caracterizam
o norte do continente.
COLONIALISMO MERCANTILISTA
O tráfico de escravos provoca a corrosão nas sociedades africanas e aumenta os choques grupais. Ocorre a exploração sistemática da costa africana em função da colonização da América.
Além do comércio de escravos, o ouro, o marfim e gêneros tropicais fixam europeus na África: o capitalismo comercial integra a África à América. África e América tornaram-se molduras de um triste quadro atlântico, no qual, em primeiro plano, foi pintado com sangue o tráfico de pessoas. O escravo era duplamente gerador de capital, por ter duplo valor: valor de troca, como uma mercadoria traficável, e valor de uso, como produtor de mercadoria.
Assim, os lucros emanados do tráfico de escravos, da escravidão e da pirataria tornaram-se bases da acumulação primitiva de capital na Europa. E mais, sustentaram o assalariamento das relações de trabalho em substituição às relações servis: definhava o modo-de-produção feudal e estava aberto o caminho para a consolidação do capitalismo.
TOTAL GERAL DE
PESSOAS ARRANCADAS DA ÁFRICA
Tráfico transaariano: 4.820.000
Tráfico no Mar Vermelho e na
África Oriental: 2.400.000
Tráfico no Atlântico: 11.313.000
TOTAL: 18.133.000
ALGUMAS
HISTÓRIAS
A
LIBÉRIA
•
Origem: organização filantrópica dos EUA, a
American Civilization Society, de 1816.
•
Escravos libertos dos EUA migram para lá e, em
1847, ocorre a independência do país, com capital em Monróvia (de Monroe).
O
CABO
•
Em 1652, o Cabo da Boa Esperança era ocupado
por holandeses. Os boers são seus descendentes
•
Em 1806, durante as guerras napoleônicas,
ingleses se apropriam da região e, no Congresso de Viena, legitimam sua
ocupação. Era um ponto estratégico fundamental até a inauguração do Canal de
Suez, em 1869.
ARGÉLIA
•
Ocupada pela França em 1830, aproveitando a
crise do Império Turco Otomano.
SENEGAL
•
Portugueses montaram feitorias , disputadas
depois por franceses e ingleses. O fim do tráfico negreiro fez decair o
interesse europeu na região, até sua conquista pela França de Napoleão III, em
1852.
RUANDA
•
Tutsis dominados pela Alemanha. Ficou para a
Bélgica, apoiada nos Hutus. Hutus massacram tutsis
CONGO
•
Leopoldo II da Bélgica ocupa o Congo em 1880,
como sua propriedade particular.
CAMARÕES
•
Localizado no delta do rio Niger, foi ocupado pelos alemães em 1880
NEOCOLONIALISMO E IMPERIALISMO
No século XIX, trinta milhões de quilômetros
quadrados e mais de cem milhões de pessoas ficaram sob a tutela de poucos
Estados europeus em menos de dez anos.
A Segunda Revolução Industrial e o liberalismo econômico geraram a crise cíclica do capitalismo, o descompasso entre a superprodução e o subconsumo.
Os países industrializados precisavam de novos
mercados para investirem seu excedente de capital, suas mercadorias e até seu
excedente demográfico. Precisavam de fontes de energia, como petróleo e carvão,
e também de matérias primas, de ouro, de diamantes...
IDEOLOGIA IMPERIALISTA
IDEOLOGIA IMPERIALISTA
1. KIPLING e a “missão civilizadora”, expressa em seu poema “O Fardo do Homem Branco”, de 1899. Homenageava a vitória norte-americana na Guerra Hispano-Americana (1898), na qual os EUA receberam Porto Rico, as ilhas Guam, as Filipinas e interferiram na independência de Cuba.
2. DAVID LIVINGSTONE era missionário escocês. Propagou o comércio e a
fé como “missões civilizadoras”
3. JULES FERRY, 1º Ministro francês, em 1880: “O imperialismo é filho da industrialização”
4. CECIL
RHODES era inglês e atuou na África do Sul, explorando minas de diamantes.
Comprou, com seus sócios, vastas extensões de terra, onde nasceu a Rodésia,
atuais Zâmbia e Zimbabue.
“O mundo está todo parcelado, e o que resta dele está sendo dividido, conquistado, colonizado. Pense nas estrelas que vemos à noite… Eu anexaria os planetas, se pudesse; penso sempre nisso.”
“Sustento que somos a primeira raça do mundo, e quanto mais do mundo habitarmos, tanto melhor será para a raça humana…Se houver um Deus, creio que Ele gostaria que eu pintasse o mapa da África com as cores britânicas.”
CONGRESSO DE BERLIM (1884/85)
Foi convocado por Otto Von Bismarck e contou com a participação de 14 países. Foi definida a partilha africana, cujas fronteiras foram traçadas pelos europeus.
É claro que, como a partilha foi
feita para atender aos interesses dos colonizadores, não foram respeitados os
interesses dos colonizados; foram separadas comunidades afins e agrupadas
comunidades rivais.
A maioria das fronteiras foi desenhada em linhas retas. As
futuras e constantes catástrofes provocadas por guerras intergrupais estavam
desenhadas. Mas as culpas continuam recaindo sobre os africanos, que, de fato,
são frutos e não sementes.
DESCOLONIZAÇÃO
DESCOLONIZAÇÃO
O processo de descolonização foi acelerado a partir da 1ª Guerra Mundial, das crises do Entre-Guerras e, principalmente da 2ª Guerra. Portanto, ocorreu em plena Guerra Fria.
Nos confrontos mundiais, as metrópoles precisaram formar tropas com colonos. Estes notaram que seus dominadores também morriam, sofriam, choravam e temiam a violência da guerra. Desmoronava o mito da “superioridade europeia”.
No Tratado de Versalhes (1919), os vencedores exigiram o fim dos impérios derrotados (alemão, austríaco e turco) e, em sua retórica, falavam em “respeito à autodeterminação dos povos”
No Período Entre-Guerras (1919-1939), as nações imperialistas, vencedoras do conflito mundial, reforçaram seus domínios coloniais, mercados para a economia em crise.
Durante a 2ª Guerra, novamente precisaram dos colonos, desta vez contra o nazifascismo.
E, no pós-guerra, na fundação da ONU (1945) e na Declaração dos Direitos (1948), a autodeterminação dos povos foi novamente defendida. As nações mais poderosas davam, paradoxalmente, um motivo, uma bandeira, para as lutas das nações por elas dominadas.
RENASCIMENTO AFRICANO: PAN-AFRICANISMO
A independência do Haiti, em 1804, provocou, nas elites escravocratas, o receio da “haitinização” da luta pela libertação negra.
O pan-africanismo nasceu nas Antilhas britânicas e nos EUA. Edward Blyden, ligado à criação da Libéria, valorizava o saber moderno, que não é nem branco nem negro, sem perder a identidade negra.
Du
Bois, dos EUA, defendia o movimento pan-negro.
CONGRESSOS PAN-AFRICANOS
CONGRESSOS PAN-AFRICANOS
Em 1900, ocorreu a 1ª Conferência, entre haitianos e norte-americanos (não havia africanos).
Em outros (1919, 1921, 1923, 1927) discutiram-se alternativas para a libertação dos africanos.
Principais
reivindicações:
1. Liberdade completa aos povos da África e aos povos de origem africana
2. Igualdade da raça negra com todas as raças
3. Controle das terras africanas pelos africanos
4. Abolição dos trabalhos forçados e dos impostos abusivos
5. Liberdade de comunicação no interior e ao longo da costa africana
RENASCIMENTO AFRICANO: MOVIMENTO DA NEGRITUDE
Iniciado por intelectuais negros, como Aimé
Cesaire e Léopold Senghor, não aceitava a “assimilação cultural” imposta pelo
dominador branco, que negava os valores dos colonizados:
“Um senegalês é um senegalês, não um francês!”
Tratava-se da afirmação da identidade negra
contra o imperialismo cultural.
LEOPOLD SENGHOR, DO SENEGAL, ideólogo político
do socialismo-negritude, pregava:
• 1. Uma revolução socialista não é necessária na
África, pois o socialismo já é um fato milenar no continente e se apresenta
mais eficaz que aquele proposto por Marx
• 2. O capitalismo é um elemento alheio à
África, pois foi imposto pelo processo colonial
• 3. O socialismo autóctone deve ser a base da
África independente.
ÁFRICA
E BRASIL
O ESCRAVO DENTRO DE NÓS
“O
Brasil é um país extraordinariamente africanizado. E só a quem não conhece
a
África pode escapar o quanto há de africano nos gestos, nas maneiras de ser e
de viver e no sentimento estético do brasileiro (…) O escravo
ficou dentro de nós, qualquer que seja nossa origem(…) Com ou sem
remorsos, a escravidão é o processo mais longo e mais importante de nossa
história”. (COSTA E SILVA, A. O Brasil,
a África e o Atlântico no Século XIX)
Mulher brasileira e nossa negritude |
Vieram para o Brasil principalmente três grupos culturais, divididos em centenas de subgrupos: os sudaneses, os guineano-sudaneses (islamizados) e os bantus, ou bantos.
Dos quinhentos e
poucos anos de História do Brasil pós “descobrimento”, em mais de trezentos o
tráfico trouxe populações negras para cá.
É, portanto, impossível entender
nossa História sem a presença negra, com suas contribuições em vários sentidos.
CULTURA AFRO-BRASILEIRA
CULTURA AFRO-BRASILEIRA
• Idioma: palavras como angu, batuque, cafuné, quitanda, banzo ...
• Oratória: Luís Gama (1830/82) e José do Patrocínio (1854/1905)
• Literatura: Castro Alves (1847/71), Cruz e Souza (1861/98) e Lima Barreto (1881/1922)
• Composição: Lobo de Mesquita (1746/1805)
• Cinema, teatro: Abdias do Nascimento (1914) e Ruth de Souza (1921)
• Ciência, técnica: André Rebouças (1838/98) e Teodoro Sampaio (1855/1937)
• Religião: candomblé e umbanda
• Artes plásticas: Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738/1814), Valentim da Fonseca e Silva, o Mestre Valentim (1745/1813)
• Música: samba, maracatu, maxixe, coco
• Instrumentos musicais: tambor, atabaque, berimbau
• Culinária: acarajé, vatapá, mungunzá, xinxim
MOVIMENTO NEGRO NO BRASIL
Insere-se no contexto de atitudes multiculturalistas, da aceitação da diversidade. Remonta às lutas negras no Brasil colonial, desde o plano individual (suicídio, abordo induzido) ao plano coletivo (quilombos).
Ainda no período colonial, a presença negra na Conjuração
Baiana, de 1798.
No período Regencial, a Cabanagem a Balaiada a Revolta dos Malês e a ampliação da fuga e formação de quilombos.
Durante o 2º Reinado, a participação direta no processo abolicionista, destacando-se Luís Gama, José do Patrocínio, Castro Alves, Joaquim Nabuco e André Rebouças.
Na República Velha, em 1910, a Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, é considerada como um levante negro pelo Movimento Negro Contra a Discriminação Racial.
Levante negro ou não, o negro
João Cândido e seus companheiros colaboraram para a modernização da Marinha
brasileira, abolindo os castigos corporais, já proibidos pela Constituição de
1891.
Na década de 1930 foi fundada uma Frente Negra Brasileira, transformada em partido político em 1936, extinto, como todos, em 1937.
Na Era Vargas, Abdias do Nascimento fundou o Teatro Experimental Negro (1944).
A LEI E A LUTA CONTRA O RACISMO
Em 02/07/1951 foi aprovada a Lei Afonso Arinos, proibindo a discriminação racial no país.
Em 07/07/1978 foi fundado o Movimento Negro
Contra a Discriminação Racial (MNU).
A Constituição de 1988 estabelece que “a prática do racismo constitui crime inafiançável, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”
Em 09/01/2003, foi aprovada a Lei 10.639, que determina: “Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”.
E
ainda “O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra.”A
data marca a morte de Zumbi dos Palmares.
ALGUNS CONCEITOS
ALGUNS CONCEITOS
RACISMO: ideologia que postula a existência de hierarquia entre grupos raciais humanos. É um conjunto de ideias e imagens vinculadas aos grupos humanos baseados na existência de raças superiores e inferiores.
PRECONCEITO RACIAL: uma indisposição, um julgamento prévio negativo que se faz de pessoas estigmatizadas por estereótipos étnicos, religiosos, culturais. …
DISCRIMINAÇÃO: é o nome que se dá para à conduta que viola direito de pessoas com base em critérios injustificados e injustos, tais como raça, gênero, idade, orientação sexual.…
ETNOCENTRISMO: designa a pretensa superioridade de uma cultura em relação a outras.
XENOFOBIA: predisposição para a aversão ou rejeição de indivíduos ou grupos diferentes … aversão a estrangeiros.
Olá Wagner, seu blog é muito bom!
ResponderExcluirAbraço
Prof. Carlão
Wagner, onde encontro a música que você tocou no inicio da palestra sobre África?
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