TEU CORPO
Achar-me e perder-me em teu corpo,
Nele navegar como Ulisses desejo,
Corpodisséia.
Levantar vôo e pousar em teu corpo,
Nele navegar como Santos Dumont desejo,
Corpespaço.
Odisséia de meu espaço,
Concreto de meu concreto,
Espaço de meu acorde,
Acorde de meu concerto,
Conserto de meu concerto.
ENGOV
Zoon do zumbido,
Bidu do som
Do foguete,
Da fogueira,
Do míssil,
Da miss,
Da massa,
Barcachaça,
Zoon ido,
Zoon bido,
Libido.
LUA FÉRTIL
Se você e eu
Nos deitarmos em nosso quintal
Na Lua das três horas,
Nascerão flores em nossas peles
E a cidade sentirá nosso perfume.
TERRA RUIVA
Enganou-se o astronauta:
A Terra não é azul!
É ruiva como os fios de espiga de milho no México,
É ruiva como o pôr-do-sol no Peru.
É ruiva como as minas de cobre no Chile,
É ruiva como a lava dos vulcões no Caribe,
Como um Campari com gelo na Itália.
É ruiva!
Como um fio de cabelo esquecido em meu lençol.
QUERO A RUIVA
(Musicada por Rodolfo Dartan)
No Brasil, há mistura racial:
É preto, é branco, é preto e branco,
É índio, é branco, é índio e branco,
É espanhol, italiano, japonês,
Tudo especial.
Mas a música esqueceu
De cantar uma figura,
Só canta morena gostosa
E “lora” burra.
Não canta a ruiva,
Nem a sua formosura.
Toda ruiva de verdade
É muito imitada.
Tem morena e tem loira
De ruiva mascarada,
Nos cabelos muita tinta
Prá ficar avermelhada.
Toda ruiva de verdade
É muito encantadora,
Tem pintas pelo corpo
E a cara sedutora.
Quero a ruiva sedutora,
Quero a ruiva encantadora,
Quero a ruiva imitada.
Quero a ruiva,
Quero a ruiva.
SETE DE JULHO
(Para Maiakovski)
Você errou, poeta:
O tiro no peito
Apenas transferiu seu endereço
Desta para outra datcha,
Onde a balalaica
Não pára nunca de tocar.
Sua nova casa é o coração dos homens.
Aprendemos com você
“A poesia-toda é uma viagem ao desconhecido”
E “o bom livro é necessário a mim,
A vocês, ao camponês e ao operário”.
Aprendemos que o livro é Sol
E o Sol-livro deve iluminar todas as gentes,
Pois “gente é prá brilhar!”
Por enquanto, por aqui,
As gentes não têm recebido essa luz.
A luz-única é azul acinzentada,
Luz chumbo
Luz pesada que escurece, cega e ensurdece.
Vladimir, o seu Sol tem estado sem brilho,
Pois não é produto do deus-Mercado.
Hoje o brilho vem das telinhas, brilhopaco,
Mas nas ruas o seu Sol ainda ilumina
Timidamente
Tímidas mentes,.
Aquece consciências,
Esquenta esperanças.
Num beco qualquer
De uma rua qualquer,
Alguém se lembra desse sete de julho,
Do tiro no peitopoema
E olha para o céu,
Procurando decifrar os “nacos de nuvens”,
No rastro dos quais
“se estafa o sol-amarela girafa”.
Esse alguém não está só,
Esse alguém está Sol.
NANA TERRA
Ouço o murmúrio da terra,
cansada da monocultura.
Ouço o chorar da terra
no crepitar da queimada,
no crepitar da esperança.
Ouço o lamento da terra,
terraterror de tanta química.
Murmuro ao chorar da terra
palavras da quimiquesperança.
Cansada, a lágrimolha a terra
salgando a amarga cana doce.
Era terra erra, erra era Terra.
Cana cana cana cana cana ca
naca naca naca naca naca naca
anacana anacana anacana nana
nana nana nana nana nana
naanaa naanaa naanaa
nana
nana
PSIU!!!
MODINHA DOS QUINZE ANOS
(Musicada por mim, em 1993)
Janaína no teatro
Tem a força de uma atriz,
Minha estrela luminosa,
Que diz o que ninguém diz.
Toma um chopp no barzinho
E arranca mil esperas
Sempre tem um amorzinho
Dando bola pras paqueras.
Mas, amor é coisa séria
E não arte pequenina.
De amar não quer miséria,
De resto, tudo, a menina.
Seu nome já foi cantado
Por gente melhor que eu,
Mas foi tão amado
Como neste verso meu.
Janaína do teatro,
Janaína do boteco,
Janaína do chopinho,
Janaína do corpinho,
Janaína dos copinhos,
Janaína dos quinze aninhos.
Que maravilhosos Wagner.. lindos...
ResponderExcluirGostei principalmente do poema "sete de Julho"
Que bom que eu posso continuar a tê-lo por perto pelo blog...
obrigada Wagner...
beijos...