sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

DO IMPERIALISMO BRITÂNICO AO NORTE-AMERICANO

ORIGENS
A Guerra de Secessão consolidou o capitalismo nos Estados Unidos da América. O Norte burguês, industrial e protecionista se impôs ao Sul aristocrático, agrário, livre-cambista e escravista.
Na virada do século XIX para o XX, a Doutrina Monroe desembocou na Doutrina Roosevelt e no Big Stick de Theodore Roosevelt. O capitalismo norte-americano, consolidado internamente, debruçou seu olhar para a América Latina. O Destino Manifesto, fundamento ideológico da expansão territorial interna, ultrapassou as fronteiras físicas. Os territórios conquistados ao México, o caso panamenho contra a Colômbia em função do canal do Panamá, a Emenda Platt imposta a Cuba, a invasão dos mariners em Tampico, no México revolucionário são exemplos inegáveis do embrionário, mas já truculento, imperialismo norte-americano. Dispensando metáforas, em 1912, o Presidente Willian H. Taft disse: “Não está longe o dia em que três bandeiras de listras e estrelas marcarão em três lugares a extensão do nosso território: uma no pólo Norte, outra no Canal do Panamá e a terceira no pólo Sul. Todo hemisfério será nosso, de fato, como, em virtude de nossa superioridade racial, já é nosso moralmente”.

A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Ao se dissipar a fumaça da Primeira Guerra Mundial, Washington substituía Londres como pólo do capitalismo. Os Estados Unidos passaram de devedores a credores da Europa. E sua burguesia traduziu a guerra como um grande e lucrativo negócio. Seus produtos entraram em áreas até então dominadas por mercadorias europeias, inclusive na própria Europa.
Segundo alguns analistas, a Primeira Guerra Mundial fez surgir o “quarto ciclo sistêmico de acumulação”, precedido pelo genovês (século XV e XVI), pelo holandês (séculos XVI e XVII) e pelo britânico (séculos XVIII e XIX). Nos dizeres de Giovanni Arrighi, o ciclo norte-americano dominou o “longo século XX” (Ler neste blog meu texto anterior: Imperialismo Britânico na Índia – 2).

O PERÍODO ENTRE-GUERRAS E A SEGUNDA GUERRA
No início do Período Entre-Guerras, muitos empréstimos e investimentos ingleses (e franceses) se perderam com a Revolução Bolchevique e com a Guerra Civil (1918/21) na Rússia. Enquanto isso, o capitalismo norte-americano dava enormes saltos de ganhos em produtividade, frutos do avanço tecnológico e metodológico implementados na produção. Mercadorias com a marca Made In USA ganhavam o mundo.
A Crise de 1929 e a Grande Depressão nos anos 30 do século XX nasceram nos Estados Unidos, mas atingiram todo o mundo capitalista. Não interromperam o processo da ascensão norte-americana no cenário mundial, apenas o retardaram. Estruturalmente, entrava em crise o liberalismo clássico, ortodoxo. O New Deal de Roosevelt, fundamentado em Keynes, começou a recuperação dos Estados Unidos e, durante a Segunda Guerra Mundial, o desemprego norte-americano, que tinha chegado a 25% da população ativa, tangenciou o zero. Assim, no Período Entre-Guerras e, principalmente, na Segunda Guerra, os Estados Unidos confirmaram sua posição de centro do quarto ciclo sistêmico de acumulação. Recorro novamente a Giovanni Arrighi sobre os efeitos internacionais da Segunda Guerra Mundial: “... esse confronto traduziu-se no estabelecimento de uma nova ordem mundial, centrada nos EUA e organizada por esse país. Em alguns aspectos fundamentais, ela diferia da extinta ordem mundial britânica e se transformou na base de uma nova fase de reprodução ampliada da economia mundial capitalista. No fim da Segunda Guerra Mundial, já estavam estabelecidos os principais contornos desse novo sistema mundial: em Bretton Woods foram estabelecidas as bases do novo sistema monetário mundial; em Hiroshima e Nagasaki, novos meios de violência haviam demonstrado quais seriam os alicerces militares da nova ordem; em Francisco, novas formas e regras para a legitimação da gestão do Estado e da guerra tinham sido explicadas na Carta das Nações Unidas”.

INÍCIO DO PÓS-GUERRA
Em 1947, ano do lançamento da Doutrina Truman e do Plano Marshall, os Estados Unidos detinham em seus cofres 70% do ouro do mundo. Para impedirem o avanço socialista, transportaram para o bloco capitalista, por eles liderado, a “segurança social” iniciada internamente com o New Deal. O Plano Marshall e o derrame de dólares nos países do bloco pretendiam estancar o caos social do pós-guerra, para anularem o crescimento da outra vitoriosa da Segunda Guerra, a União Soviética. Era o mundo bipolar da Guerra Fria, uma nova ordem em relação à velha ordem do imperialismo britânico passado.

2 comentários:

  1. "A Era dos Impérios", de Eric Hobsbawm, é aconselhável para ser lido agora wagner? Pedro de Toledo, 3º ano A - Novo Anglo Taquaral

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  2. Sim, Pedro. Organize seu tempo de estudos e você poderá mais.

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