sexta-feira, 25 de novembro de 2011

POBREZA NOS EUA



A crise econômica de 2008, nascida, como a de 1929, nos Estados Unidos da América agravou o processo estrutural de concentração da renda, típica do sistema capitalista. E, a todo processo de concentração corresponde um processo de desconcentração da renda das massas mais pobres, transferida para as elites econômicas.



O paradoxo é estrutural: fazer a economia crescer mesmo fazendo a pobreza também crescer. E qualquer proposta de inverter a concentração, criando processos de distribuição da renda é combatida pelas elites. Atualmente, esse fenômeno é visível na ação reacionária do Partido Republicano, especialmente no grupo do Tea Party.
Segundo dados fornecidos pelo Census Bureau, dos Estados Unidos, a pobreza aumentou substancialmente naquele país. A desnutrição, em vários graus, chegou a 1 para cada 5 habitantes e, considerando-se apenas famílias negras e de origem latina, 1 para cada 3. O número de famílias em situação de desnutrição chegou, no total, a 17 milhões. Pelo critério da ONU, uma família é constituída de 4 pessoas. Multiplicando 17 milhões de famílias por 4, chega-se a um resultado alarmante de mais de 60 milhões de pessoas famintas ou subnutridas, para uma população de pouco mais de 200 milhões da maior potência capitalista mundial.

Leia abaixo os dois textos de outras fontes.

Taxa de pobreza aumenta nos EUA

De acordo com relatório divulgado pelo Census Bureau, no dia 13, o índice de pobreza dos EUA aumentou em 2010. Segundo o instituto de pesquisa, o país teve 46,2 milhões de pobres, o que representa 15,1% da população contra 14,3% em 2009. No ano passado, 2,6 milhões de pessoas passaram a viver abaixo da linha de pobreza, o maior número em 52 anos. O índice de pobreza aumentou entre negros, hispânicos, crianças e mulheres, embora os homens, de modo geral, sejam a categoria mais afetada. A taxa de pobreza entre os latinos subiu de 25,3% em 2009 para 26,6% em 2010; entre os negros, a taxa subiu de 25,8% para 27,4%. Já os números entre a população branca aumentaram em apenas 0,5%, enquanto a taxa manteve-se em 12,1% para os asiáticos. A renda familiar anual também apresentou queda de 2,3%, atigindo US$ 49.445, sendo a primeira vez em que o valor fica abaixo de US$ 50.000 desde 1997. A renda média caiu mais entre as faixas com menores salários. O relatório também indica que as dificuldades econômicas fizeram com que pessoas em situação financeira vulnerável passassem a dividir moradias com amigos e parentes. Na população entre 25 e 34 anos, o número de residências compartilhadas aumentou em 25% desde o começo da recessão em 2007. De acordo com analistas, os índices dos jovens, negros e hispânicos são parcialmente explicados pela baixa demanda por trabalhadores em setores que normalmente empregam essas pessoas, como a atividade de construção civil. Os números refletem que as medidas tomadas para a recuperação da economia ainda não conseguiram evitar a piora na situação dos mais pobres.

LINK DA PÁGINA http://www.opeu.org.br
14 de Setembro de 2011 às 08:11
Agência Brasil – O número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza nos Estados Unidos aumentou para 15,1% da população em 2010, chegando ao recorde de 46,2 milhões de pessoas. Os dados são do censo norte-americano, divulgado hoje (13). É o maior contingente de pessoas abaixo da linha da pobreza dos últimos 52 anos, desde que os dados começaram a ser coletados. Em 2009, 14,3% da população norte-americana vivia abaixo da linha da pobreza.
O índice de aumento no número de pobres foi registrado pelo terceiro ano consecutivo e é o maior desde 1993. Atualmente, um em cada seis americanos vive na pobreza. Os Estados Unidos passam por um dos seus piores momentos econômicos. O governo tenta buscar meios para reduzir os impactos da crise, mas há também dificuldades políticas envolvendo as negociações.
Ontem (12), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu ao Congresso que aprove, o mais rápido o possível, sem postergações ou manobras, o projeto de lei que propõe medidas para a geração de empregos. O pacote prevê a criação de postos de trabalho a partir de cortes de impostos, gastos em projetos sociais e ajuda para governos locais e estaduais.
No último dia 8, Obama anunciou cortes de impostos para pequenos negócios e a classe média e o aumento da tributação sobre as grandes empresas e os mais ricos, como fundamentos da proposta de US$ 447 bilhões destinados a reativar a criação de empregos nos Estados Unidos.
*Com informações da BBC Brasil e da Agência Lusa de notícias

terça-feira, 15 de novembro de 2011

15 DE NOVEMBRO: MUDANÇA OU PERMANÊNCIA?








O 15 DE NOVEMBRO

Em 15 de novembro de 1889, um golpe derrubou o regime monárquico e implantou a República no Brasil. O Império já estava se fragilizando institucionalmente desde sua vitória na Guerra do Paraguai. Vários setores da sociedade, embora não aderissem necessariamente aos ideais republicanos, deixaram de apoiar o Império.
O Império era sustentado por alguns pilares sociais, pela velha elite escravocrata, pela nova elite cafeeira do Oeste Paulista, pela Igreja Católica, pelas Forças Armadas e, é claro, por todos os monarquistas. A partir de 1870, esses pilares começaram a ser abalados, por problemas que, sozinhos, não implicariam a mudança do regime. As relações com o clero foram estremecidas pelas “Questões Religiosas”, quando bispos, contrários à maçonaria, foram condenados pelo Império. O Exército voltou da Guerra do Paraguai fortalecido por seu “espírito de corpo” e, cada vez mais, contagiado pelo positivismo de Augusto Comte. As “Questões Militares” aceleraram o descompasso de interesses entre as Forças Armadas e o governo imperial. No Oeste Paulista, a elite cafeeira, a mais rica do Brasil naquele momento, modernizava as relações de trabalho substituindo, gradualmente, a escravidão pela força de trabalho imigrante. Essa elite desejava passar a ter relações diretas com os mercados internacionais, superar o centralismo imperial pela federação, que lhe daria maior autonomia. Não se tratava de República, mas de instalar a “Federação, com coroa ou sem coroa”. Nos últimos anos da monarquia, a elite escravocrata também retirou se apoio ao Império, ferida pela “Questão Social”, ou seja, pela abolição sem indenização. A abolição da escravatura não provocou crise nacional, pois a porcentagem de escravos era pequena, mas levou muitos fazendeiros da Baixada Fluminense e do Vale do Paraíba à crise, pois perderam sua mão de obra e o capital nela investido. E essa velha elite culpou o Império pelo colapso. A fragilização da monarquia contou até com o abandono de monarquistas, que tinham receio de um possível “Terceiro Reinado”, que teria no trono a herdeira Isabel e seu marido francês, o Conde d'Eu.

Entre todos os setores descontentes, que exigiam reformas institucionais, dois se uniram para o golpe contra a monarquia: as classes médias urbanas, naquele momento representadas pelo Exército, e a elite cafeeira do Oeste Paulista, desejosa da Federação. Foi uma aliança de curta duração, pois, após o golpe, começaram as disputas pelo poder republicano.
O dilema era claro, pois o Estado desejado pelas classes médias urbanas diferia do Estado desejado pelas elites agroexportadoras. As classes médias pretendiam industrializar o país, defendiam proteger o capital nacional e o emprego, ampliando o mercado consumidor interno. Exemplos para isso não faltavam, como no caso dos Estados Unidos da América. Todavia, dependente do setor primário de exportações, ligada ao capitalismo internacional, a elite agrária temia as reações dos compradores externos de seus produtos. Afinal estávamos em plena fase imperialista do capitalismo liberal e as potências industriais não se interessavam pelo surgimento de novos países industrializados. Exemplos para isso também não faltam, como os crescentes conflitos entre Inglaterra e França contra o crescimento industrial da recém nascida Alemanha. Uma política industrial e protecionista no Brasil poderia, segundo nossas elites agroexportadoras, abalar nossas relações com as nações já industriais, especialmente com os “irmãos do Norte”, Grã Bretanha e Estados Unidos da América.

Tais divergências explicam a existência de políticas industrializantes nos cinco primeiros anos da República, com Deodoro da Fonseca e, depois, com Floriano Peixoto. Explicam também as poderosas oposições externas e internas a essas políticas. E a indústria não veio com a República. O café, produto primário, gênero de sobremesa, continuou a ser o rei.

A vitória de Prudente de Moraes representou a vitória do setor cafeeiro, que se prolongou até 1930. Os governos da República das Oligarquias não tinham nenhuma política industrializante, apesar de alguns discursos. E o Brasil continuou na periferia do capitalismo industrial, financeiro e imperialista, como era no Império.

A implantação da República em 1889 significou, assim, uma adequação superestrutural (política, institucional) às mudanças infra-estruturais (econômicas e sociais) ocorridas na segunda metade do século XIX. Não significou uma ruptura com a realidade concreta da sociedade brasileira. Modernizaram-se as relações de mando, sem alteração da base material.
A Constituição de 1824, monárquica, estabelecia quatro poderes, a República derrubou o Moderador; o voto era censitário e passou a ser universal e aberto, as eleições eram indiretas (em dois graus) e passaram a ser diretas; o parlamentarismo (“às avessas”) foi substituído pelo presidencialismo; o centralismo pela federação. Ou seja, as instituições políticas se modernizaram. Mas permaneceu a plantation, agora com trabalho assalariado ou outro correlato, fonte do clientelismo político favorável às elites agrárias. Permaneceu o caráter dependente do setor primário de exportações, mantendo as elites, dominantes internamente, dominadas externamente pela burguesia industrial e imperialista. Permaneceu o processo de socialização das perdas, com a política de proteção ao café, visível no Convênio de Taubaté, de 1906. Permaneceu a política de baixa cambial (desvalorizando a moeda nacional), através da qual os exportadores recebiam mais moeda nacional mesmo quando recebiam menos moedas internacionais.
Permaneceu a distância entre a classe dominante e as massas camponesas, maioria da população. Assim, a permanência infra-estrutural foi maior do que a mudança superestrutural.

domingo, 13 de novembro de 2011

DEMOCRACIA LIBERAL E ESTADO TOTALITÁRIO

DISSENSO E CONSENSO NO PERÍODO ENTREGUERRAS

     Entende-se por Entreguerras o período que se estende do final da Primeira e do início da Segunda Guerra Mundial, ou seja, de 1918 a 1939.
     Do ponto de vista das relações internacionais, uma das mais importantes mudanças foi a Revolução Bolchevique, iniciada ainda durante a Primeira Guerra Mundial, que implantou o socialismo soviético na Rússia e derrotou, com seu Exército Vermelho, os “Russos Brancos” e seus aliados internacionais.
     Outra significativa mudança internacional foi a transferência do eixo econômico e diplomático do capitalismo de Londres para Washington. Os Estados Unidos da América passaram de devedores a credores da Europa e iniciaram seu caminho para a posição de centro dinâmico do capitalismo mundial.
     Se a nascente URSS de Lênin fundamentava suas ações na teoria de Marx e Engels, os Estados Unidos da América assentavam-se no liberalismo clássico de Adam Smith. Enquanto a URSS consolidava o Estado forte e desprezava a economia de mercado, os EUA consolidavam a não intervenção do Estado na economia e a “Lei de Mercado”, a “mão invisível” da economia.
Inspiradas na vitória concreta dos sovietes russos, as esquerdas mundiais se organizavam.
     Não é coincidência a fundação de Partidos Comunistas em muitos países da década de 1920. Por outro lado, a socialização dos meios de produção na Rússia apavorava a alta burguesia e demais classes proprietárias no mundo. Essas classes conservadoras estavam dispostas a apoiarem o anticomunismo, o “perigo vermelho”.   
     Nas décadas de 1920 e 1930, as democracias liberais entraram em colapso, arrastando consigo o poder das oligarquias agrárias da periferia do sistema capitalista. A Crise de 1929 e a Grande Depressão que a ela se seguiu são emblemáticas do colapso. O liberalismo ortodoxo não dava respostas nem à crise capitalista, nem ao avanço das esquerdas progressistas, nem à ascensão das extremas direitas totalitárias. O liberalismo clássico estava superado.
     Uma das saídas para salvar o capitalismo foi a implantação da teoria keynesiana, com intervenção do Estado na economia, criando o “Estado de Bem-Estar Social”. A solução não estava em redução do emprego e dos salários, mas ao contrário: fazer crescer o consumo com mais empregos e mais salários. No caso dos Estados Unidos da América, o New Deal foi exemplar, apesar de muitos empresários estadunidenses, agarrados na ortodoxia liberal, terem visto em Roosevelt um “comunista”, pois, afinal, o Estado foi hipertrofiado e passou a ser também empresário, com as estatais.
     No contexto da crise dos anos 1920 e 1930, ocorreu a implantação do fascismo na Itália (1922), do salazarismo em Portugal (1926), do nazismo na Alemanha (1933), do franquismo falangista na Espanha (1939) e dos regimes autoritários na Ásia, especialmente no Japão, e em vários países da América Latina, como no Brasil do Estado Novo de Vargas. O liberalismo e a democracia, de qualquer naipe, estavam superados.

REGIME DE DISSENSO NA DEMOCRACIA LIBERAL BURGUESA

     Vários são os conceitos de democracia. Um deles é “o governo do povo, para o povo e pelo povo”. Para Norberto Bobbio, em seu texto Qual Socialismo? Debate Sobre Uma Alternativa, “por democracia se entende um conjunto de regras que consentem a mais ampla e segura participação da maior parte dos cidadãos, em forma direta ou indireta, nas decisões que interessam a toda a coletividade.” Para ele, as regras para que se tenha uma democracia são sete, integradas entre si, formando um todo:
1- Todo cidadão, sem qualquer distinção, deve gozar de direitos políticos;
2- Todo voto deve ter peso idêntico, ou seja, um voto vale apenas um e somente um;
3- O cidadão é livre para expressar sua opinião, ser respeitado e deve respeitar a expressão do outro;
4- O cidadão deve ser livre para escolher entre um leque de alternativas políticas;
5- O princípio da maioria numérica deve ser a base do resultado das opiniões, através do voto;
6- A decisão da maioria não pode limitar os direitos das minorias, nem impedir que a minoria possa se tornar, com o tempo, maioria;
7- Se apenas uma das regras anteriores for ignorada, não haverá democracia, aparente ou verdadeira.

     Assim, se todos são iguais perante a lei, a isonomia deve ser o princípio da ação política, sem exclusão de ninguém. Exercitar os direitos políticos implica a livre circulação de ideias e de propostas, sem cercear o direito das divergências, do dissenso. Ou, como afirmou Voltaire, ao ser perguntado sobre o que é democracia, “eu posso não concordar com o que você me diz, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las!”

O REGIME DE CONSENSO

     O regime de consenso é típico do totalitarismo, seja de direita, seja de esquerda. Por definição, não admite o dissenso, ou seja, a divergência, a discordância.
     O dissenso é fundamentado na divergência, tem a alma nos Partidos Políticos representantes das partes, das classes, das frações de classes e sua correspondente ideologia. O oxigênio do dissenso é a admissão de cada Partido representa, portanto, uma parte e jamais o todo, a totalidade, o total social.      Já o regime de consenso é fundamentado no Partido Único, arrogando para si mesmo ser expressão do todo, do total, não admitindo outra organização partidária.

     O consenso político à esquerda foi iniciado na URSS, com a transformação do Partido Bolchevique em Partido Comunista da União Soviética, o PCUS. Eufemisticamente admitido como “centralismo democrático”, o totalitarismo, consenso à esquerda, não admitia outras opiniões que não as suas. A “apropriação da verdade” culminou no período da ditadura stalinista, com a perseguição, prisão, expurgo e até morte de representantes do trotskismo, inclusive do próprio Trotsky.

     O consenso político à direita, no mesmo período histórico, nasceu com o fascismo italiano. O Partido Nacional Fascista se colocava acima dos interesses particulares, pessoais, das classes, unindo todos esses interesses em uma única fé, a fé do Estado e no Estado.
     Assim, desprezava a Razão, desprezava o número, elementos essenciais do dissenso. Segundo Mussolini, “São necessárias três condições para a realização completa, total, integral e revolucionária do Estado Corporativo: um partido único por meio do qual se efetue o controle político e também o controle econômico e que seja, acima dos interesses em competição, um laço que una todos em uma fé comum. E isso não é o bastante. Devemos ter, além do partido único, o Estado totalitário, isto é, o Estado que se absorva em si próprio, para transformá-los e torná-los eficazes, toda a energia, todos os interesses e toda a esperança de um povo. (...) Tudo está no Estado, e nada existe de humano ou de espititual, nem qualquer coisa que tenha valor fora do Estado. Nesse sentido, o fascismo é totalitário e o Estado fascista, síntese e união de todos os valores, interpreta, desenvolve e confere poder a todos os aspectos da vida das pessoas.”

domingo, 16 de outubro de 2011

O NAZISMO E O TRABALHO ESCRAVO





O nazismo, como o fascismo, corresponde a uma etapa imperialista do capitalismo. A ditadura de Estado único, partido único e chefe único, confundia, propositadamente, o Partido com o Estado, impondo o consenso totalitário, ou seja, eliminou o dissenso, a discordância típica de regimes democráticos. Mas foi além do fascismo italiano, ao colocar em prática de Estado o racismo, a teoria de sua pretensa raça pura, a ariana.









O crescimento do Partido ocorreu em uma etapa específica da História da humanidade, o denominado Período Entreguerras. A consolidação da vitória bolchevique na Rússia (a partir de 1922, URSS) assustava a burguesia, temerosa da internacionalização da revolução da esquerda. As democracias liberais estavam em colapso e já não conseguiam resolver os graves problemas trazidos pela crise dos anos 20 e 30. Apavorados com a possibilidade do avanço da esquerda, as classes consevadoras passaram a sustentar o Partido que se colocava declaradamente contra o comunismo. Assim, o Partido Nazista cresceu em número de filiados e em número de cadeiras na Reichstag enquanto crescia o número de desempregados na Alemanha. Uma das respostas dadas pelo Estado Nazista àqueles que o apoiaram foi a transformação dos prisioneiros de várias categorias em mão de obra gratuita para as grandes empresas capitalistas alemãs.







Fernando Morais, em seu livro Olga (Editora Alfa-Ômega, 1985), descreve a relação entre a burguesia industrial e o Estado Nazista: “O trabalho na unidade da Siemens era obrigatório para todas as prisioneiras, independentemente da classificação que tivessem, da idade ou do estado de saúde. Mediante acordo celebrado com o governo, a indústria pagaria ao comando do campo 30 centavos de marco por mulher-dia, sem que isso implicasse qualquer forma de remuneração às prisioneiras. As indústrias que, para preservar sua imagem internacional, preferissem não instalar fábricas dentro dos campos de concentração, não tinham por que se preocupar: a SS se encarregava de transportar os prisioneiros até a sede da empresa. Foi através de contratos como o da Siemens que a fábrica da Bayrischen Motorenwerke, que produzia os veículos BMW, utilizava 220 presos alugados do campo de concentração de Buchenwalt; a indústria de lentes Zeiss-Ikon alugava 900 homens do campo de Flossemburg; a siderúrgica Krupp, 500 presos de Buchenwalt; a indústria de veículos Daimler-Bens, fabricante dos luxuosos automóveis Mercedes-Bens, 110 presos de Sachsenhausen; a Volkswagen, 650 presos do campo de concentração de Neuengamme; havia até uma misteriosa indústria Silva GmbH Poltewerke, que chegou a alugar 2 mil mulheres de Ravensbrück. O campo onde esteve Olga, aliás, foi o que forneceu o maior volume de mão de obra escrava. Ao todo, 37.500 mulheres – judias, comunistas, socialistas, social-democratas, ciganas e Testemunhas de Jeová – saíram de Ravensbrück entre 1938 e 1945 para trabalhar de graça para grandes indústrias alemãs.(...) A maioria das prisioneiras de Ravensbrück, porém, era utilizada como mão de obra na fábrica de equipamentos bélicos montada no campo, que produzia desde relés para componentes de armas, disparadores especiais e dispositivos eletrônicos para submarinos, telefones da campanha e espoletas de disparo retardado para bombas, até componentes para os mortais foguetes V-2, concebidos pelo engenheiro Werner Von Braun.”

domingo, 9 de outubro de 2011

NOVO PARQUE PARA CAMPINAS

Está sendo iniciado um belo movimento em Campinas, pela transformação de uma área, dentro de Barão Geraldo, em um parque para a população. Particularmente, apoio a ideia e a repasso aos meus leitores, sejam eles de Campinas ou não. Maiores detalhes em http://www.parquedebarao.com/


domingo, 2 de outubro de 2011

FASCISMO E NAZISMO



O resumo das aulas de fascismo e nazismo está neste blog, com o título TOTALITARISMO, em HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA.

É, sem dúvida, um assunto complexo. Se houver necessidade de esclarecimentos, é só usar os 'COMENTÁRIOS". Prometo responder com brevidade.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

RESUMO: GUERRA CIVIL ESPANHOLA















GUERRA CIVIL ESPANHOLA

IMPACTOS DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

MADRI E BARCELONA - grandes conglomerados urbanos
• A Espanha não participa da guerra
• Surto de crescimento econômico
• Crescimento do proletariado
• Crescimento da burguesia
• Crescimento das classes médias

1917
• Custo de vida sobe 140%
• Salários aumentam 117%
• Lucros das grandes empresas = 400%

ECOS DA REVOLUÇÃO RUSSA
• Espontaneísmo revolucionário no campo
• Levantes das centrais anarquistas e socialistas
• Catalunha e País Basco lutam pela autonomia

ORGANIZAÇÕES DE ESQUERDA
• UGT - Unión General de Trabajadores (socialista)
• CNT - Confederación Nacional del Trabajo (anarco-sindicalista)
• PSOE - Partido Social Obrero Español (comunista-stalinista)
• POUM – Partido Obrero Unificado Marxista (trotskista)

INÍCIO DO SÉCULO XX

“A TRINDADE REACIONÁRIA”: EXÉRCITO, LATIFÚNDIO E IGREJA CATÓLICA

ALGUNS NÚMEROS
• 24 MILHÕES DE HABITANTES
• CAMPONESES: 65 A 70% DO TOTAL
• 8 MILHÕES DE POBRES
• 12 MILHÕES DE ANALFABETOS
• SALÁRIOS RURAIS: ENTRE 0,60 E 3,00 PESETAS POR DIA
• PREÇO DO QUILO DO PÃO: 1,00 PESETA

IGREJA: 80 MIL MEMBROS(CONTROLA 1/3 DA RIQUEZA NACIONAL)
• 11.921 PROPRIEDADES RURAIS
• 7.828 PROPRIEDADES URBANAS
• CONTROLA O BANCO URQUIO, AS MINAS DE COBRE DE RIFT, AS ESTRADAS DE FERRO DO NORTE, OS ELÉTRICOS DE MADRI, A CIA. TRANSMEDITERRÂNEA
• (CARDEAL SEGURA TEM RENDA DE 60 MIL PESETAS ANUAIS)
• CONTROLA, DESDE 1851, O ENSINO OFICIAL
• (ENSINA QUE APOIAR OS LIBERAIS É PECADO)
• (NA GUERRA CIVIL, CERCA DE 8.000 CLÉRIGOS FORAM EXECUTADOS)

EXÉRCITO
• 100.000 HOMENS
• 21.966 OFICIAIS
• 566 GENERAIS
• (AS ALTAS PATENTES ERAM EXCLUSIVAS DA ELITE ECONÔMICA)
• (HAVIA, APROXIMADAMENTE, UM OFICIAL PARA CADA CINCO SOLDADOS)

DITADURA DE PRIMO DE RIVERA
• Apoio de grandes proprietários, burguesia industrial, alto clero e alta cúpula militar
• Consentida pelo rei, em nome da “ordem”
• Fim dos partidos políticos. Unión Patriótica: instrumento de propaganda das classes poderosas (1924)

REAÇÕES À DITADURA
• Estudantes universitários e intelectuais
• 1926: Alianza Republicana (Miguel de Unamuno e outros)
• Greves operárias
• Agitação camponesa
• Crise monetária e fuga do capital estrangeiro

SEGUNDA REPÚBLICA (1931)
12.04.1931 VITÓRIA ELEITORAL REPUBLICANA-SOCIALISTA
• 14.04.1931 o rei renuncia
• 28.07.1931 vitória da esquerda para Assembléia Constituinte

REALIZAÇÕES DA SEGUNDA REPÚBLICA

(Presidente Alcalá Zamorra, Primeiro Ministro Manuel Azaña)
Redução da jornada de trabalho: 8 horas
Cultivo obrigatório de terras ociosas
Prioridade de emprego aos trabalhadores locais
Reforma agrária
Aumento real dos salários de professores
Fomento ao ensino fundamental e combate ao analfabetismo
1933: Igreja proibida de exercer o ensino
Total separação Igreja - Estado
Oficialização do casamento civil e legalização do divórcio (desde 1932)

REAÇÕES À REPÚBLICA
• Igreja:“RELIGIÃO, FAMÍLIA, ORDEM, TRABALHO E PROPRIEDADE”
• Conspirações militares e parlamentares
• Confederación Patronal Agrária

CRESCE A DIREITA

• CEDA: Confederación de Derechas Autónomas
• FALANGE: Partido Fascista Espanhol
• MONARQUISTAS RADICAIS: Renovación Española
• DIREITA VENCE ELEIÇÕES EM 1933

A DIREITA NO PODER 1933 A 1936(Presidente Zamorra e Primeiro Ministro Lerroux)
Acordo com Mussoline
Fortalecimento da Falange: Franco nomeado Chefe do Estado Maior Central
Assassinados líderes operários e camponeses, proibida imprensa socialista, suspensa a reforma agrária, aumento da jornada de trabalho

ZAMORRA DISSOLVE O GABINETE LERROUX
• ELEIÇÕES DE 16.02.1936
• POLARIZAÇAO IDEOLÓGICA E SOCIAL
• VITÓRIA DA ESQUERDA
• MANUEL AZAÑA PRIMEIRO MINISTRO
• PRESSÕES DA DIREITA: fascistas Emílio Mola e Franco conspiram para “restabelecer a ordem no interior e o prestígio da Espanha no exterior”
• PRESSÕES DA ESQUERDA: anarco-sindicalistas fomentam greves no campo e nas cidades
• Zamorra destituído em abril de1936
• Azaña, eleito presidente, assume em maio

ECLODE O CONFLITO
(Santiago Quiroga:1º Ministro)
• O governo aprova medidas consideradas como “sovietização” pela direita
• Generais Mola, Sanjurjo e Franco articulam a luta armada contra o governo republicano
18 de julho de 1936: começa a guerra, que se estenderá até 1939

1936: CONJUNTURA EUROPÉIA
• Esquerda Republicana no governo espanhol
• Léon Blum, da Frente Popular (de esquerda) governa a França
• Stalinismo na URSS (de 1924 a 1953)
• A Itália invade a Etiópia
• O III Reich remilitariza a Renânia
• Fascismo em Portugal
• Democracias Liberais em crise (desde 1929)
Cresce a violência da direita e da esquerda

GUERNICA
No dia 26 de abril de 1937, o povoado de Guernica, de 6 mil habitantes, era bombardeado pelos aviões da Legião Condor alemã, em apoio às forças nacionalistas do general Francisco Franco. O bombardeio, ao cair da tarde, num dia de mercado, provocou incêndios que destruíram três quartos da cidade e deixou centenas de mortos. Foi assim que Guernica, base histórica do nacionalismo basco que queria derrubar Franco, se converteu na primeira cidade da História destruída por um ataque aéreo dirigido contra alvos civis.

BRIGADAS INTERNACIONAIS (OS “SOLDADOS DA LIBERDADE”)
• Intelectuais, operários, trabalhadores, artistas, escritores e jovens de todo o mundo (de 54 países)
• Pouca ou nenhuma experiência militar
• Nunca houve,ao mesmo tempo, mais de 15.000 combatentes, num total de 35.000
Cerca de 10.000 morreram em combate

APOIO BÉLICO (até agosto de 1936)
• Italiano: 27 aviões caças, 5 tanques, 12 canhões antiaéreos, 40 metralhadoras
• Alemão: 26 aviões bombardeiros, 15 aviões caças, 20 canhões antiaéreos, 50 metralhadoras, 8.000 fuzis
• Francês: 35 aviões caças, 25 aviões bombardeiros

COMITÊ DE NÃO-INTERVENÇÃO
• Começou a funcionar em setembro de 1936
• Representantes: 27 países
• Lideranças de Portugal e França (fronteiras com a Espanha) além da Inglaterra, Alemanha, Itália, Bélgica, Suécia, Tchecoslováquia e URSS (grandes exportadores de armamento)
Nunca foi plenamente isento de interesses

“NO PASSARÁN”
“É MELHOR MORRER EM PÉ DO QUE VIVER DE JOELOS” (Dolores Ibarruri, “La Pasionária”)
Ofensiva fascista contra Madri, iniciada em 7 de setembro de 1936: tanques, aviões e 20.000 soldados profissionais.
RESISTÊNCIA REPUBLICANA
(até 28 de março de 1939) povo espanhol e Brigadas Internacionais

1938
• Mussoline ordena o ataque aéreo a Barcelona
• Cai Léon Blum, da França
• Deladier retira apoio aos Republicanos e, em julho, bloqueia os depósitos em ouro do Banco da Espanha na França

CONFERÊNCIA DE MUNIQUE (29/9/1938)
(Hitler, Mussoline, Camberlain e Deladier)
ENTREGOU OS SUDETOS TCHECOS AO III REICH,
O QUE SIGNIFICOU ENTREGAR TODA A TCHECOSLOVÁQUIA

A ESPANHA JÁ NÃO ERA MAIS A MAIOR PREOCUPAÇÃO NO CENÁRIO MUNDIAL

A FALTA DE UNIDADE REPUBLICANA
Anarquistas e trotskistas: (“armas para el pueblo” ) queriam uma revolução social e a tomada do poder pelo proletariado pelo fim da propriedade privada
Comunistas stalinistas: queriam a união das forças combatentes contra o avanço fascista e aproximando-se das potências democratas-liberais européias contra a Alemanha e a Itália

GUERRAS DENTRO DA GUERRA
• Guerra dos autonomistas: catalães e bascos
• Guerra entre esquerdas: anarquistas e trotskistas contra stalinistas
• Guerra social: entre operários e camponeses contra a burguesia e oligarquias
• Guerra dos internacionalistas e democratas contra o nazi-fascismo

VITÓRIA FASCISTA NA ESPANHA
• Durante a Guerra Civil Espanhola, formou-se o EIXO ROMA-BERLIN
• Mussoline, Hitler e Hiroito assinam o PACTO ANTIKOMINTERN
• Nacionalistas de Franco implantam a ditadura fascista (de 1939 a 1975)
Cerca de 500.000 mortos, dos quais mais de 30.000 após o fim da guerra, nos cárceres fascistas espanhóis e alemães

FRAGMENTO DE POESIA
Espanha no coração
No coração de Neruda
No vosso e no meu coração
Espanha da Liberdade,
Não a Espanha da opressão.
Espanha Republicana:
A Espanha de Franco não.
Velha Espanha de Pelayo,
Do Cid, do Grã Capitão.
Espanha de honra e verdade,
Não a Espanha da traição!
Espanha da Liberdade;
A Espanha de Franco não!
Espanha Republicana,
Noiva da Revolução.
Espanha atual de Picasso,
De Casals, de Lorca, irmão
Assassinado em Granada!
Espanha no coração
De Pablo Neruda, Espanha
No vosso e em meu coração!
Espanha da Liberdade:
A Espanha de Franco, não.
(MANUEL BANDEIRA)

“Em sua política de tentar conter o imperialismo da Alemanha e da Itália, as democracias européias optaram por sacrificar primeiro a República espanhola e, posteriormente, a Tchecoslováquia. O tiro saiu pela culatra. Pouco depois, tiveram de enfrentar com armas o mesmo perigo que parte da Espanha e o movimento antifascista internacional tentou combater durante quase três longos anos.”
(BEIGUELMAN-MESSINA, Gisele. A Guerra Civil Espanhola.Scipione, 1994)