domingo, 16 de outubro de 2011

O NAZISMO E O TRABALHO ESCRAVO





O nazismo, como o fascismo, corresponde a uma etapa imperialista do capitalismo. A ditadura de Estado único, partido único e chefe único, confundia, propositadamente, o Partido com o Estado, impondo o consenso totalitário, ou seja, eliminou o dissenso, a discordância típica de regimes democráticos. Mas foi além do fascismo italiano, ao colocar em prática de Estado o racismo, a teoria de sua pretensa raça pura, a ariana.









O crescimento do Partido ocorreu em uma etapa específica da História da humanidade, o denominado Período Entreguerras. A consolidação da vitória bolchevique na Rússia (a partir de 1922, URSS) assustava a burguesia, temerosa da internacionalização da revolução da esquerda. As democracias liberais estavam em colapso e já não conseguiam resolver os graves problemas trazidos pela crise dos anos 20 e 30. Apavorados com a possibilidade do avanço da esquerda, as classes consevadoras passaram a sustentar o Partido que se colocava declaradamente contra o comunismo. Assim, o Partido Nazista cresceu em número de filiados e em número de cadeiras na Reichstag enquanto crescia o número de desempregados na Alemanha. Uma das respostas dadas pelo Estado Nazista àqueles que o apoiaram foi a transformação dos prisioneiros de várias categorias em mão de obra gratuita para as grandes empresas capitalistas alemãs.







Fernando Morais, em seu livro Olga (Editora Alfa-Ômega, 1985), descreve a relação entre a burguesia industrial e o Estado Nazista: “O trabalho na unidade da Siemens era obrigatório para todas as prisioneiras, independentemente da classificação que tivessem, da idade ou do estado de saúde. Mediante acordo celebrado com o governo, a indústria pagaria ao comando do campo 30 centavos de marco por mulher-dia, sem que isso implicasse qualquer forma de remuneração às prisioneiras. As indústrias que, para preservar sua imagem internacional, preferissem não instalar fábricas dentro dos campos de concentração, não tinham por que se preocupar: a SS se encarregava de transportar os prisioneiros até a sede da empresa. Foi através de contratos como o da Siemens que a fábrica da Bayrischen Motorenwerke, que produzia os veículos BMW, utilizava 220 presos alugados do campo de concentração de Buchenwalt; a indústria de lentes Zeiss-Ikon alugava 900 homens do campo de Flossemburg; a siderúrgica Krupp, 500 presos de Buchenwalt; a indústria de veículos Daimler-Bens, fabricante dos luxuosos automóveis Mercedes-Bens, 110 presos de Sachsenhausen; a Volkswagen, 650 presos do campo de concentração de Neuengamme; havia até uma misteriosa indústria Silva GmbH Poltewerke, que chegou a alugar 2 mil mulheres de Ravensbrück. O campo onde esteve Olga, aliás, foi o que forneceu o maior volume de mão de obra escrava. Ao todo, 37.500 mulheres – judias, comunistas, socialistas, social-democratas, ciganas e Testemunhas de Jeová – saíram de Ravensbrück entre 1938 e 1945 para trabalhar de graça para grandes indústrias alemãs.(...) A maioria das prisioneiras de Ravensbrück, porém, era utilizada como mão de obra na fábrica de equipamentos bélicos montada no campo, que produzia desde relés para componentes de armas, disparadores especiais e dispositivos eletrônicos para submarinos, telefones da campanha e espoletas de disparo retardado para bombas, até componentes para os mortais foguetes V-2, concebidos pelo engenheiro Werner Von Braun.”

5 comentários:

  1. Wagner, lendo esse artigo eu me lembrei de um filme muito bom: "A lista de Schindler". Fala sobre um empresário Polonês que comprava os escravos para os afastar dos campos de concentração e posteriormente salvá-los da crueldade nazista. Inclusive no filme são mostradas várias falhas do estado nazista, em relação aos seus "chefes". Muito bom o filme, recomendo!

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  2. Wagner, assista essa entrevista com Geraldo Vandré, autor do "hino" da luta contra a ditadura (sua música foi censurada e ele exilado..)

    http://www.youtube.com/watch?v=TYextKTVePY


    Vandré afirmou categoricamente que nunca foi engajado politicamente, nunca foi antimilitarista e, segundo diz na entrevista, nunca pretendeu que sua mais famosa composição, “Pra não dizer que não falei de flores” se tornasse o hino da esperança de libertação dos brasileiros dos anos 60/70, além do imenso amor aflorado pelas forças armadas (compôs até um música para a F.A.B. - 'Fabiana')

    Dizem que isso são sequelas e medos de suas torturas vividas durante o regime. O que você pode me dizer sobre a entrevista, sobre o boato e outros assuntos que o tangem?

    Hélios - Pandora;

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  3. wagner, como eu disse vo postar os 3 videos sobre o movimento "occupy wall street".

    1 video(comunicado divulgado pelo movimento):

    http://www.youtube.com/watch?v=ov2avwvzPCs&feature=BFa&list=LLa0mCaR3673BxfUzXrzokaA

    2 video(curta metragem "i am not moving"):

    http://www.youtube.com/watch?v=Fkw5XD18fSI&feature=BFa&list=LLa0mCaR3673BxfUzXrzokaA&lf=BFa

    3 video(fox news entrevista um manifestante)

    http://www.youtube.com/watch?v=q50wgj_8mwo&feature=BFa&list=LLa0mCaR3673BxfUzXrzokaA&lf=BFa

    seria legal se na aula de quinta, mostrasse o video pra sala e voçê desse seu comentario.

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  4. Professor Wagner, sou aluno seu do novo anglo taquaral e estou curioso sobre algo que li:

    Vi na internet uma teoria de que Hitler não se matou, mas fugiu para a argentina com sua amante e viveu lá até 1975 ( algo perto dessa data).
    Gostaria de saber qual a relevancia desse fato, ou se é apenas uma outra "teoria da conspiração".

    Agradeço

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  5. muito bom o texto, na verdade me interessei apos ler o livro O leitor do escrito alemão bernhand schilink, queria enteder, se Hanna trabalha na SS por vontade própria ou obrigação pelo que li as mulheres eram obrigadas a desempenhar tais papeis, nessa parte do livro ela é acusada a se deixar levar...

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