Salazar, de Portugal e Franco, da Espanha
O fascismo português foi implantado no início da década de 1930, liderado por Oliveira Salazar, seguindo o modelo italiano de Mussolini e alemão de Hitler. Ainda naquela década, serviu de base de apoio para as forças nazifascistas internacionais, contra a República, durante a Guerra Civil Espanhola (1936 a 1936) que levou o General Franco ao poder. As ditaduras fascistas espalhavam-se pela Europa no período chamado Entre-Guerras (1919 a 1939). Durante a Segunda Guerra Mundial, caíram na Itália, na Alemanha, no Japão, mas sobreviveram em Portugal e Espanha.
Cartaz de propaganda fascista
No caso da política externa de Portugal, o Estado Novo, como era oficialmente conhecido o fascismo salazarista, marcou-se pela adesão ao bloco capitalista na Guerra Fria, liderado pelos Estados Unidos da América. A neurose anticomunista servia de pretexto para a hipertrofia do poder Executivo e para a total ingerência do Estado na sociedade, em todos os seus aspectos. No campo da Cultura, a censura a tudo que o Estado considerasse prejudicial a ele. No controle contra possíveis adversários, havia a Polícia Política, truculenta, violenta, e que agia como se estivesse acima do Estado.
Ainda no plano internacional, ocorria a descolonização na Ásia e, em se tratando de Portugal, especialmente na África. Angola, Moçambique e Guiné Bissau lutaram pela independência, lastreadas no princípio da autodeterminação dos povos. A guerra foi marcada pela violência e parecia, aos olhos da jovem oficialidade portuguesa, inútil. As mortes e mutilações de soldados portugueses em luta prolongada, que parecia não ter fim, galvanizaram as consciências de muitos militares.
Mesmo sob a vigilância da Polícia Política, os jovens oficiais, tidos genericamente como "capitães", articularam o movimento rebelde para a derrubada de Marcelo Caetano, sucessor de Salazar. Na madrugada de 25 de abril de 1974, as tropas golpistas saíram ás ruas, tomando sincronizadamente os prédios o locais ainda fieis ao governo fascista. Ao amanhecer, a vitória estava consolidada. Ao acordar, o povo português aderiu ao movimento libertário, dando a ele um caráter de aprovação social. E, simbolicamente, presenteou os soldados com cravos. Caia assim, sem muita resistência e com aprovação do povo, uma das ditaduras fascistas mais longas da História.
A música Grândola, Vila Morena, de José Afonso, proibida pelo Estado Novo, foi levada ao ar pela Rádio Nacional, servindo de senha para a movimentação das tropas.
http://www.youtube.com/watch?v=RuzGPhZwG6Y
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada esquina, um amigo
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Em cada rosto, igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena
Grândola, vila morena
Em cada rosto, igualdade
O povo é quem mais ordena
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola, a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
No Brasil, a ditadura proibiu a música de Chico Buarque, Tanto Mar. Depois da liberada, Chico fez algumas alterações na letra original, decepcionado com os rumos da política portuguesa pós 25 de abril. A letra original é assim:
Sei que está em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim
Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim
Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim
http://www.youtube.com/watch?v=kHmd2avz2iU
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