terça-feira, 8 de março de 2011

A UNIÃO IBÉRICA (1580 a 1640)

Um dos mais importantes períodos da História de Portugal foi a União Ibérica, ou o “Domínio Espanhol”. Seus desdobramentos, durante a Revolução Comercial, alteraram profundamente a história europeia e mundial.

Em 1578, com a morte de D. Sebastião em Alcácer Quibir, o trono luso foi ocupado pelo seu tio avô, Cardeal Dom Henrique, o último da Dinastia de Avis, morto em 1580. Felipe II, rei da Espanha, da família Habsburgo, interessado no tono português, apoiado pela nobreza e pela burguesia lusas, enviou o Duque de Alba para comandar a invasão de Portugal e afastar outros pretendentes, como D. Antônio, prior do Crato, este apoiado pela Inglaterra, pela França e pelo povo português. Naquele momento, a “Casa da Áustria” (os Habsburgos) dominava o Sacro Império Romano Germânico, a Espanha e suas colônias e, a partir de 1580, Portugal e suas colônias.

Durante sessenta anos, a união das coroas ibéricas dominava vasta extensão do mundo, impondo um rígido controle comercial sobre as colônias através do pacto colonial. Portugal, embora tenha recebido certa autonomia, foi arrastado às guerras contra os inimigos da Espanha: França, Inglaterra e, principalmente, Holanda, tradicional sócia de Portugal no comércio internacional do açúcar.

Na guerra contra a Inglaterra da Rainha Elisabeh I, Felipe II montou sua “Invencível Armada”, formada com navios espanhóis e portugueses. Em 1588, a Inglaterra saiu vitoriosa. Pouco restou da armada ibérica. O maior império territorial da época ficou praticamente incapaz de defender-se nos mares.

Entre 1612 e 1615, no Maranhão, formou-se a França Equinocial. Os invasores franceses fundaram o forte de São Luís, hoje capital do Estado. Jerônimo de Albuquerque conseguiu derrotar os invasores depois de três anos de guerra. Além disso, Luís XIII, rei da França, casou-se com uma filha de Felipe III da Espanha o que facilitou a pacificação. Mas, o litoral do Brasil continuou sendo assediado pela ação de piratas e corsários, como Edward Fenton, Thomas Cavendish, Jaime Lancaster, Duclerc e Duguay-Trouin. O mesmo ocorria em outras colônias ibéricas.

Para enfraquecer a Holanda, que pretendia (e conseguiu) separar-se do Sacro Império, Felipe II decretou o embargo do açúcar. Em função disso, a Holanda, que atuava na esfera da distribuição, decidiu invadir o Brasil açucareiro e assumir a produção, até então sob controle português. Em 1624 invadiu Salvador, capital da colônia. Expulsa dez meses depois, planejou nova invasão, iniciada em 1630, desta vez em Pernambuco, capitania hereditária de maior sucesso na produção do açúcar.

A partir do Brasil Holandês, Maurício de Nassau invadiu as áreas fornecedoras de escravos negros na África portuguesa. Durante longos anos, a Holanda manteve o monopólio do tráfico negreiro para as áreas sob seu domínio. A falta da mão de obra escrava negra em outras áreas do Brasil fez subir o preço do índio nos mercados de escravos, incentivando o bandeirismo de apresamento. Outro fator para o crescimento da ação dos bandeirantes foi a suspensão da linha imaginária estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas em 1494.


A Restauração Portuguesa ocorreu em 1640. O Duque de Bragança, com o apoio inglês, francês e holandês, derrotou Felipe IV, da Espanha. Foi coroado como D. João IV e deu início à última dinastia de Portugal. A Guerra de Restauração durou até 1668 e custou caro a Portugal, em função das alianças e dos tratados assinados.
Com a Holanda, D. João IV assinou a Trégua dos Dez Anos (1641 a 1651) e o Tratado de Haia (1661), pelo qual Portugal cedeu as ilhas Molucas e o Ceilão, além de uma indenização de 4 milhões de Cruzados.
Com a Inglaterra, uma série de tratados levaram à submissão de Portugal. Em 1642, foi estipulada a permissão de comércio direto com o Brasil, exceto de produtos considerados monopólio do rei, além de serem reduzidas as tarifas alfandegárias sobre produtos ingleses. Em 1661, houve o casamento de Dona Catarina de Bragança (filha de D. João IV) com Carlos II: o dote da noiva a seu real consorte foi o pagamento de 2 milhões de Cruzados, além dos territórios de Tanger e Bombaim.
Em 1703, foi assinado o Tratado de Methuen, consagrando o domínio inglês sobre Portugal. Enquanto existiu, o ouro do Brasil sustentou o déficit luso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário