A dinastia de Avis governou Portugal de 1383 a 1580. Entre 1383 e 1385, a Revolução de Avis evitou que Portugal perdesse sua independência. Em 1580, caiu nas mãos da Espanha.
Durante a dinastia de Avis, Portugal formou seu império ultramarino, iniciado por D. João I. Entre 1495 e 1521, o trono foi ocupado por D. Manuel I, “o Venturoso”. Vasco da Gama chegou às Índias e Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil. O apogeu de Portugal ultramarino ocorre com D. João III, entre 1521 e 1557, com a colonização do Brasil. Metade do mundo era o Império Português.
O colapso da dinastia e, por conseguinte, de Portugal, começou com D. Sebastião, “o Desejado”, rei de 1557 a 1578, tendo sido coroado com apenas três anos de idade. O governo ficou nas mãos de regentes, até a posse do jovem rei. D. Sebastião nunca se casou, apesar de muitos esforços palacianos nesse sentido. Não teve filhos, e a sua dinastia correu o risco de ficar sem herdeiro direto, o que, de fato, aconteceu. Católico radical, defensor das decisões da Contrarreforma, combateu os "infiéis". Invadiu o Marrocos para lutar contra muçulmanos e, na batalha de Alcácer-Quibir, seu exército foi destroçado. O corpo do rei jamais foi encontrado.
Portugal passou a ser governado, até 1580, pelo cardeal D. Henrique, tio-avô de D. Sebastião. Com a morte deste, terminou a dinastia de Avis e começava a União Ibérica, com Felipe II da Espanha. Começava também o ocaso do império português, fragmentado a partir de então.
O clima de frustração, de perda da independência, de desastre, atinge o povo luso, especialmente as camadas mais humildes, mais pobres, mais mal informadas, agarradas ao obscurantismo religioso. Para elas, a situação era um “castigo de Deus”. Acreditavam também na redenção dos males sofridos e que Portugal voltaria a ser poderoso. E a redenção seria liderada pela volta de D. Sabastião. O desaparecimento do corpo do rei tornou-se um mito. Nascia o sebastianismo, considerado por alguns estudiosos como o maior de todos os mitos portugueses e brasileiros.
O sebastianismo tornou-se, então, um espécie da messianismo, uma crença justificadora da situação funesta e, ao mesmo tempo, aglutinadora de esperanças de melhores dias, como os dias do passado. O fenômeno foi tão forte que contagiou camadas mais esclarecidas e influenciou a produção literária, como a do Padre Vieira (1608 a 1697) e a do poeta Fernando Pessoa (1888 a 1935). Uma leitura mais atenta de Mensagem revela o forte sebastianismo na obra de Pessoa.
Também a cultura brasileira sentiu os efeitos do sebastianismo. Várias revoltas internas tinham esse componente. A mais estudada é a liderada por Antônio Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, conhecida como Revolta de Canudos, nos primeiros anos da República. A comunidade de Canudos - seu cristianismo primitivo e messiânico, sem propriedade privada, com igualdade social - era odiada pelos latifundiários baianos, pela Igreja Católica e pela República, ainda em fase de consolidação.
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ResponderExcluirObrigado pelo texto, professor.
ResponderExcluirMe ajudou bastante. ;)