PRECONCEITO
(Palavras de Charles Linné, 1778)
(Palavras de Charles Linné, 1778)
• " Homem Selvagem: quadrúpede, mudo, peludo
•
Americano: cor de cobre, colérico,
ereto. Cabelo negro, liso, espesso; narinas largas, semblante rude, barba rala;
obstinado, alegre, livre. Guia-se pelo costume.
•
Europeu: claro, sanguíneo, musculoso;
cabelo louro, castanho, ondulado; olhos azuis; delicado, perspicaz,
inventivo. Coberto por vestes justas. Governado
por leis.
•
Asiático: escuro, melancólico, rígido;
cabelos negros; olhos escuros, severo, orgulhoso, cobiçoso. Coberto de vestimentas soltas. Governado
por opiniões.
•
Africano: negro, fleumático, relaxado.
Cabelos negros, crespos; pele acetinada; nariz achatado, lábios túmidos;
engenhoso, indolente, negligente. Unta-se com gordura. Governado pelo capricho."
PRECONCEITO
“Oh, se a gente preta tirada das brenhas da sua
Etiópia, e passada ao Brasil, conhecera bem quanto deve a Deus e a Sua
Santíssima Mãe por este que pode parecer desterro, cativeiro e desgraça, e não
é senão milagre, e grande milagre!” (VIEIRA, Padre Antônio. Sermão
XIV)
“Não há
trabalho, nem gênero de vida no mundo mais parecido à cruz e paixão de
Cristo, que o vosso em um desses engenhos. Em um engenho sois imitadores de
Cristo crucificado [...] Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo
maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as
chagas, os nomes afrontosos, de tudo isso se compõe a vossa imitação, que se
for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio”. (VIEIRA. Sermões. Apud BOSI,
Alfredo. A dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras,
1992, p. 172.)
PRECONCEITO
(Palavras de Hegel, em 1830)
(Palavras de Hegel, em 1830)
“A África não é uma parte histórica do mundo, não
oferece nenhum movimento, desenvolvimento ou progresso próprio. (…) O que
entendemos propriamente por África é o espírito sem história, o espírito ainda
não desenvolvido, envolto nas condições naturais.”
ANÁLISE
“As agências internacionais de notícias têm falseado
enormemente a realidade dos problemas africanos contemporâneos, por seus
enfoques episódicos e parciais. (…) o crivo ocidentalizante é tão forte que a
realidade africana é pintada como um quadro de figuras exóticas, caricaturais,
onde os homens não têm consciência de que fazem história”. (SARAIVA,
José Flávio Sombra. Formação da África Contemporânea. São Paulo. Atual, 1987)
HISTÓRIA ORAL
“Qualquer adjetivo seria fraco para qualificar a importância
que a tradição oral tem nas civilizações e culturas africanas. Nelas, é a
palavra falada que transmite de geração a geração o patrimônio cultural de um
povo. A soma de conhecimentos sobre a natureza e a vida, (…) o relato dos
eventos do passado (…), o canto ritual, a lenda, a poesia – tudo isso é
guardado pela memória coletiva, a verdadeira modeladora da alma africana e
arquivo de sua história. Por isso, já se disse que “cada ancião que morre na
África é uma biblioteca que se perde”. (Amadou Hampaté Bâ. A
Palavra, Memória Viva na África)
ESCRAVIDÃO ANTES DA CHEGADA DOS EUROPEUS
“O escravo era uma espécie de parente – com direitos
diferentes de outros parentes, diferentes posições na família e no lar, mas, no
entanto, um espécie de parente. Os escravos tinham de ser ou capturados, ou
adquiridos de seus parentes, que os “vendiam como escravos”. Isto significa que
(…) alguns grupos pegavam seus criminosos ou, geralmente, parentes não
desejados e executavam o ritual que “rompia o parentesco”. (…) Esses escravos
trabalhavam (…) mas também casavam-se, inseriam suas famílias no grupo social e
formavam uma parte legítima da família ampliada”. (BOHANNON. Paul. História Ilustrada da
Escravidão)
O ESCRAVO DENTRO DE
NÓS
“O Brasil é um país extraordinariamente africanizado.
E só a quem não conhece a África pode escapar o quanto há de africano nos
gestos, nas maneiras de ser e de viver e no sentimento estético do brasileiro
(…) O escravo ficou dentro de nós,
qualquer que seja nossa origem(…) Com ou
sem remorsos, a escravidão é o processo mais longo e mais importante de nossa
história”. (COSTA E SILVA, A. O Brasil, a África e o
Atlântico no Século XIX)
PROBLEMAS DA FALTA DE DOCUMENTOS ESCRITOS
“A ausência de documentos escritos (...) para as provas materiais em
que os cientistas baseiam suas descobertas, acrescidos de uma pressuposição há
muito divulgada entre os cientistas brancos de que os africanos negros seriam
incapazes de produzir semelhantes civilizações, criaram enorme obstáculos à
descoberta da verdade”. (Mitchell Adams. Zimbábue, Uma Civilização Africana Desaparecida. Em Os últimos Mistérios do Mundo. Lisboa.
Seleções do Reader’s Digest, 1979)