terça-feira, 12 de junho de 2012

RENASCIMENTO AGRÍCOLA




PRIMEIRA PARTE: A CONJUNTURA BRASILEIRA


A economia brasileira passou por um grave período de crise entre os anos finais do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX. Esse período corresponde exatamente, no plano político, ao processo de independência do Brasil em relação a Portugal, compreendido entre a Inconfidência Mineira (1789) e a abdicação de D. Pedro I (1831). Portanto, estão inseridos nesses  tempos, a Conjuração Baiana (1798),a transferência do Estado Português para o Brasil (1808), toda a administração joanina (1808 a 1821), a regência do Príncipe D. Pedro, o “Sete de Setembro”, todo o Primeiro Reinado (1822 a 1831) e, para alguns autores, até o fim do Período Regencial e o Golpe da Maioridade, em 1840.
Aqui no Brasil, as jazidas auríferas tinham se esgotado e o café, futuro produto rei da economia, ainda era apenas uma esperança. Avançava na pauta de exportações, mas não era, contudo, capaz de equilibrar a economia nacional.

SEGUNDA PARTE: ESTRUTURA E CONJUNTURA MUNDIAIS

No plano estrutural, o capitalismo comercial estava em colapso, assim como todo o Antigo Regime europeu. A principal fonte de acumulação de capital deixava de ser a circulação de mercadorias (o comércio) e passava a ser a transformação de mercadorias (a indústria).  O crescimento demográfico na Europa aumentava o mercado consumidor, estimulando o investimento de capital comercial no novo fenômeno industrial, a fábrica, ou seja, nascia a Revolução Industrial. As Treze Colônias inglesas da América do Norte separaram-se de sua metrópole, a Inglaterra, tornando-se Estados Unidos da América. A Revolução Francesa de 1789 levou a burguesia ao poder político e à República. O Haiti tornou-se independente da França, graças à ação dos jacobinos negros tornando-se a segunda nação independente na América e a primeira nação negra do mundo. Napoleão Bonaparte e seu Império consolidam os ideais da alta burguesia francesa no continente europeu. As guerras napoleônicas transformaram a geopolítica europeia e, sem dúvida mundial, como se comprova pelo decreto do bloqueio continental de 1806 e seus reflexos geopolíticos, a invasão da Espanha, a invasão de Portugal e a invasão da Rússia czarista. A mundialização da crise é explicada com a aceleração dos movimentos de independência em todas as colônias ibéricas da América. Com a derrota de Napoleão, a crise conjuntural prosseguiu, com a Restauração e a Legitimidade decididas no Congresso de Viena (1814 a 1815) e defendidas de armas na mão pela Santa Aliança. A tais tentativas de impedir  o liberalismo, respondeu a burguesia com as Revoluções de 1820, de 1830 e de 1848.
(Para leituras mais específicas desses assuntos, use este blog, onde se encontram postados, por exemplo, O Liberalismo e a Revolução Industrial, História do Haiti, As Ondas Rebeldes)

TERCEIRA PARTE: O RENASCIMENTO AGRÍCOLA

O esgotamento das minas, no fim do século XVIII , provocou uma pulverização espacial, geográfica, na economia brasileira. O Nordeste foi, à época do açúcar, o primeiro polo dinâmico da economia no século XVII e o Centro-Sul o segundo, graças à mineração. Com a crise mineradora, não encontramos mais um único polo econômico que se sobreponha aos demais, até a metade do século XIX, quando o Sudeste cafeeiro terá a supremacia sobre as demais áreas.

O AÇÚCAR, produzido na Bahia e em Pernambuco, voltou a ser incentivado pelo colapso da produção das Antilhas, abalado com o fim do tráfico negreiro para a Jamaica inglesa e outras colônias do hemisfério Norte.

O ALGODÃO, produto nativo da América, constituiu-se na matéria-prima básica da Revolução Industrial europeia, desencadeada pela Inglaterra. A produção foi incentivada por Portugal, sendo o Maranhão nosso principal produtor, vindo logo abaixo Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Sua produção é feita em latifúndios, com mão-de-obra escrava e não necessita de instalações complexas como as dos engenhos de açúcar. As guerras de independência dos Estados Unidos da América, contra a Inglaterra, favoreceram as exportações do produto.

O TABACO era utilizado desde o século XVII para o escambo de negros na África, assim como o aguardente de cana. Desenvolveu-se sobretudo na Bahia e no Sul de Minas Gerais. Normalmente constituiu-se de grande lavoura escravista e sua cultura exige cuidados especiais. As exportações cresceram durante a crise do tabaco da Virgínia, envolvida nas guerras de independência dos Estados Unidos e do tabaco de Cuba, provocado pela proibição do tráfico negreiro no hemisfério Norte. Após o Bill Aberdeen e, principalmente após a Lei Eusébio de Queirós, entrou em decadência também no Brasil.

O CACAU era cultivado regularmente na Bahia e no Maranhão e era uma atividade extrativista no Pará e no Amazonas, assim como outros produtos da floresta. Porém havia ainda um restrito mercado consumidor externo.

O ARROZ era produzido principalmente no Maranhão e o ANIL, planta nativa do Brasil, produzida no Rio de Janeiro e destinada à indústria têxtil.

A PECUÁRIA  era, a princípio, atividade subsidiária da produção açucareira nos engenhos do Nordeste, desde o século XVI.  As finalidades básicas da criação eram o uso como força motriz, como alimentação (carne seca, carne- de- sol, charque) e o artesanal, pelo couro e chifres. Desenvolveu-se em diversas áreas do Brasil e consolidou-se como atividade importante na época da mineração. As três grandes regiões pecuaristas foram os sertões do Nordeste, a Sul de Minas Gerais e os campos do Sul.
Nos sertões do Nordeste, a pecuária foi extensiva, com baixo índice técnico, grandes fazendas às margens dos rios, mão-de-obra livre, os vaqueiros e os “fábricas”, auxiliares dos vaqueiros. Destacam-se as criações do Ceará, Piauí e Maranhão, como continuidade das criações feitas nas margens do São Francisco, o “Rio dos Currais”.

No Sul de Minas Gerais, usavam-se técnicas mais avançadas, com fazendas do tipo europeu, cercadas, com pastos cuidados e rações extras, mão-de-obra escrava. As regiões mineradoras eram os principais centros consumidores.
No Sul do Brasil, devido à colonização açoriana e às missões jesuíticas e com mão-de-obra livre, o gado encontrou condições geográficas e climáticas perfeitas para seu desenvolvimento, mas as várias guerras de fronteiras prejudicaram a criação.

A INDÚSTRIA E O COMÉRCIO COLONIAIS


A INDÚSTRIA colonial era limitada pela imposição do pacto colonial, verdadeira divisão internacional do trabalho. Contudo, no litoral e em Minas Gerais, encontramos algumas indústrias manufatureiras têxteis (tecidos baratos, destinados a vestir escravos), metalurgia do ferro (produtos necessários à mineração e trato da terra para lavoura) e ourivesaria.  Tais atividades eram organizadas em corporações de ofício, com a utilização de escravos alugados. Em 1785, Doma Maria I, pressionada pela Inglaterra e para não permitir a concorrência da colônia com a metrópole,  publicou o Alvará proibindo a indústria têxtil na colônia.

O COMÉRCIO colonial interno era principalmente a distribuição de produtos trazidos pela metrópole para o abastecimento de centros urbanos. Com a mineração, ocorreu um incentivo ao comércio de gado, de sal e de outros produtos. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário