quarta-feira, 25 de maio de 2011

MÍDIA: O QUARTO PODER

O que está por trás de uma notícia, de uma mensagem comercial, de um filme, de uma reportagem na mídia? Qual é a intencionalidade da origem? E qual é a subjetividade de quem assiste ou lê, ou seja, qual é o olhar de quem vê?
A linguagem audiovisual é, ao mesmo tempo, uma arte, cuja essência está no corte da realidade e, por isso mesmo, um exercício de poder do comunicador. A lente da câmera narradora dita o que quer que vejamos. Contudo, a câmera é um ser não pensante, amoral por natureza de coisa. Ela é apenas a extensão do olhar de quem a manipula.
A câmera, o papel jornal, o teclado do computador não pensam. São ferramentas de quem pensa e decide o que mostrar e o que ocultar. A arte e o poder passam pela decisão de alguém, dominador da intencionalidade do texto, da imagem, do recorte da realidade. E o poder do criador determina o que é verdade e o que é não verdade.
O poder do criador conta com a subjetividade do receptor, ou seja, de nossa mortal subjetividade, do olhar construído pela matéria de nossas memórias, de nossas lembranças, de experiências vividas e construídas no universo da cultura, letrada ou não letrada, material ou imaterial.
O poder do criador conta, assim, com a estreiteza do olhar do receptor. Quando essa estreiteza é absoluta, o receptor pede emprestado o olhar do comunicador e decodifica a mensagem como verdade única, indivisível, indiscutível, acabada, indispensável.
Se não há estreiteza no olhar, nossos códigos culturais - repletos de experiências vividas e armazenadas na memória - transformam-se em contrapoder ao poder do comunicador. O exercício do olhar, do ouvir, do cheirar, do lamber, do sentir, tornam-se o alfabeto da crítica, da não aceitação do dogma.
O sofá diante da televisão e do jornal pode ser o túmulo do pensar ou pode ser a catapulta da indignação. Mas a culpa não está no sofá, nem na bunda sentada sobre ele. Está um pouco mais acima, no olhar, no refletir a intencionalidade do emissor e na capacidade de o receptor usar a criticidade para dizer não.
Pelo direito de dizer não ao quarto poder, aqui vai uma leitura indispensável:

http://marcosbagno.com.br/site/?page_id=745

4 comentários:

  1. Wagner, texto maravilhoso!
    Remete à necessidade de combater a inércia do interlocutor diante das mídias, principalmente das visuais.
    A incitação ao questionamento depende, não só do ensino técnico, mas das referências familiares. Como seria fantástico todos tivessem os dois em abundância, não...
    O Texto do Marcos Bagno é perfeito! Obrigada por essa fonte extra de argumentos!
    Um beeeijo!

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  2. "A câmera, o papel jornal, o teclado do computador não pensam. São ferramentas de quem pensa e decide o que mostrar e o que ocultar."

    Infelizmente, muitas vezes, o povo é assim classificado. Não pelo fato da pessoa que manipula as imagens, ou o povo, ter poderes sobrenaturais, mas pelo fato de que o próprio povo deixa de usar seus simples poderes de raça mais evoluida, o poder de pensar. Muito bom o seu texto, Wagner! E pode ter certeza, irei te usar de espelho em um futuro próximo.
    Abraço.

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  3. Obrigada Wagner por ainda fazer diferença na minha vida postando assuntos super interessantes,verdadeiros e carregados de inspiração,ajudando sempre a abrir nossas mentes com sua sábias palavras.
    Saudades de tê-lo como professor dentro da escola,mas você continua sendo na minha vida.
    Muito obrigada
    Beijos da Pri(que você vê pelo menos uma vez por mês no objetivo hehe)

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  4. Professor, suas palavras são valiosas! Obrigada por isso e por esse blog.

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