O livro, o teatro, o cinema podem ser libertários. Por isso, o poder se incomoda, treme, fica nervoso e, com alguma frequência, pune.
Para ser breve, a instituição Igreja Católica usou seu poder para punir na Santa Inquisição. A ditadura de Vargas controlava a opinião pública através do DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda. O macartismo puniu nos Estados Unidos durante a Guerra Fria, enquanto Stálin punia na URSS. As ditaduras militares burguesas puniam na América Latina.
A História prova o poder da palavra, do livro. Pode a palavra abalar a Igreja? Pode a palavra, a poesia, corroer os alicerces do Estado ditatorial? Pode, sim, pois as tão poderosas instituições têm medo do livro. Se não, por que persegui-lo? Por que queimá-lo? Por que invadir os palcos e bater em atores? Por que a tortura, física e psicológica?
No caso do BRASIL RECENTE, o fim do AI5 e outras reformas retiraram a parte mais visível da ditadura. A ditadura visível foi substituída pela invisível, inteligente, a grande imprensa e os monopolizadores do que ver, do que assistir, do que usar.
Parte da resistência era feita pelos jornais nanicos, também perseguidos, queimados, empastelados. E, muitas vezes, lá se ia a banca de jornais derrotada pelos incêndios das madrugadas. O poderoso poder tem medo de um nanico.
E hoje, os poderosos da mídia conservadora e representantes da Casa Grande tremem com os cochichos da senzala. Os nanicos foram substituídos pela internet, e a palavra que liberta está aí, de novo, incomodando os poderosos.
Há muitos motivos para o mau humor, quando se vive em democracia e a Casa Grande tenta levantar o chicote da censura. Mas também se pode usar o bom humor para, de maneira chapliniana, mostrar o poder de um LIVRO.
http://www.viomundo.com.br/humor/cloaca-news-a-privataria-tucana-o-filme.html
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
OS HOMENS E OS VERMES
“Pelos caminhos do mundo,
nenhum destino se perde:
há os grandes sonhos dos homens,
e a surda força dos vermes.”
(Cecília Meireles)
Àquele canto da cidade, o posto de saúde não chegou. Tampouco a farmácia. Chegou o cobrador de impostos.
Naquele outro canto, a polícia não entra. Tampouco a escola. Chegou a droga, em pedra, em pó, em ervas.
Em quase todos os cantos, o esgoto não chegou. Tampouco o lixeiro. Chegou o mosquito. E as doenças de pele. E as intestinais.
Na casa legislativa e no palácio executivo, a decência não chegou. Tão pouca honra, tão pouca ética. Chegou o salário dobrado, mais que dobrado. E a justiça foi castrada, paradoxalmente, pela lei,
Cantar o que, pelos cantos da cidade entristecida? Derrotados pelos seus algozes eleitos, eleitores atiram ovos...Haja ovos!
Mas, como nos ensina Cecília Meireles, “pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde: há os grandes sonhos dos homens, e a surda força dos vermes.” Os vermes têm força e são surdos aos sonhos dos homens. Mesmo assim, os homens sonham. Sonham com o médico, com a escola, água tratada, esgoto tratado, pelos quais já pagaram e continuam pagando.
Sem os vermes, os homens teriam um manjar de decência, produzido pelo néctar embriagador da Justiça maior que a lei.
Oxalá esteja chegando a hora em que os pretensos donos de nossos destinos irão para o banco dos réus. Tais vermes acreditam ter as rédeas da História em suas mãos. Acreditam que todos os homens somos vermes, mas não perceberam que estão apenas diante de um espelho. De um pequeno espelho. Porém, “pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde”. E, como diz outro poeta, “não sei qual é a hora, mas sei que há a hora”.
Nesta hora, e neste caso, o sonho dos homens começa com as urnas eleitorais, onde não atiraremos alguns poucos ovos. Milhares de ovos da esperança e da ética serão delicada e firmemente depositados. Aos vermes, vermicida!
A partir desta hora e deste caso, que cresçam os grandes sonhos dos homens, suas utopias, sem as quais não há movimento vital. Como viver sem elas, se as utopias nos alimentam, nos energizam?
Se ainda não agarramos a utopia de um futuro com Justiça, ao menos esfregamos o dedo em sua superfície e o colocamos na boca, como uma criança no bolo de aniversário antes da festa.
Quando a hora chegar, vamos nos lambuzar de novos grandes sonhos, pelos caminhos do mundo.
nenhum destino se perde:
há os grandes sonhos dos homens,
e a surda força dos vermes.”
(Cecília Meireles)
Àquele canto da cidade, o posto de saúde não chegou. Tampouco a farmácia. Chegou o cobrador de impostos.
Naquele outro canto, a polícia não entra. Tampouco a escola. Chegou a droga, em pedra, em pó, em ervas.
Em quase todos os cantos, o esgoto não chegou. Tampouco o lixeiro. Chegou o mosquito. E as doenças de pele. E as intestinais.
Na casa legislativa e no palácio executivo, a decência não chegou. Tão pouca honra, tão pouca ética. Chegou o salário dobrado, mais que dobrado. E a justiça foi castrada, paradoxalmente, pela lei,
Cantar o que, pelos cantos da cidade entristecida? Derrotados pelos seus algozes eleitos, eleitores atiram ovos...Haja ovos!
Mas, como nos ensina Cecília Meireles, “pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde: há os grandes sonhos dos homens, e a surda força dos vermes.” Os vermes têm força e são surdos aos sonhos dos homens. Mesmo assim, os homens sonham. Sonham com o médico, com a escola, água tratada, esgoto tratado, pelos quais já pagaram e continuam pagando.
Sem os vermes, os homens teriam um manjar de decência, produzido pelo néctar embriagador da Justiça maior que a lei.
Oxalá esteja chegando a hora em que os pretensos donos de nossos destinos irão para o banco dos réus. Tais vermes acreditam ter as rédeas da História em suas mãos. Acreditam que todos os homens somos vermes, mas não perceberam que estão apenas diante de um espelho. De um pequeno espelho. Porém, “pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde”. E, como diz outro poeta, “não sei qual é a hora, mas sei que há a hora”.
Nesta hora, e neste caso, o sonho dos homens começa com as urnas eleitorais, onde não atiraremos alguns poucos ovos. Milhares de ovos da esperança e da ética serão delicada e firmemente depositados. Aos vermes, vermicida!
A partir desta hora e deste caso, que cresçam os grandes sonhos dos homens, suas utopias, sem as quais não há movimento vital. Como viver sem elas, se as utopias nos alimentam, nos energizam?
Se ainda não agarramos a utopia de um futuro com Justiça, ao menos esfregamos o dedo em sua superfície e o colocamos na boca, como uma criança no bolo de aniversário antes da festa.
Quando a hora chegar, vamos nos lambuzar de novos grandes sonhos, pelos caminhos do mundo.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
FINAL DE ANO ESCOLAR
(Seria cômico, se não fosse trágico)
Nós, Professores, Diretores, Coordenadores, Psicólogos e outros envolvidos no processo de ensino-aprendizagem começamos a viver um momento delicado do ano letivo: seu encerramento. Conosco estão igualmente tensos os Alunos, nosso público-alvo, e seus pais. Estamos todos envolvidos nos Conselhos de Classe, última etapa da Promoção ou da Retenção dos alunos. No burburinho das falas, os limites, os dramas pessoais, uma fusão entre a subjetividade e a objetividade para decisões honestas, coerentes com posições tomadas durante todo o ano, por todos os envolvidos, sejam docentes ou discentes.
Acima de tudo, a decisão tem de ser educativa, jamais punitiva. É mais um exercício de autoridade sem cair no autoritarismo. E ter autoridade é muito diferente de ser autoritário. Ter em mãos a promoção ou a retenção de um aluno não pode ser entendido como Poder. Deve, sim, ser um serviço prestado pelo educador ao educando. Por outro lado, o educador não pode ser pressionado por qualquer forma de autoritarismo da Lei, da Direção, ou dos pais.
Fazer parte de um Conselho de Classe é saber superar a visão individual, muitas vezes individualista, e praticar democraticamente a soberania do ato de educar.
domingo, 4 de dezembro de 2011
SÓCRATES E DEMOCRACIA
A ditadura da morte,
a única que os homens não podemos derrubar,
levou Sócrates Brasileiro, brasileiro do mundo.
A outra ditadura
havia caído aos seus pés.
A da morte, ele não conseguiu driblar.
"Ganhar ou perder, sempre com DEMOCRACIA!"
Sempre, sempre, com democracia.
A democracia do atleta -doutor,
alto de gigantes pés pequenos.
No campo, foi grande entre os grandes,
não boiadeiro da boiada de hoje.
Boiadeiro entre boiadeiros
Cerezo, Falcão, Zico, Rivelino ...
Democrata nas vitórias.
Democrata nas derrotas.
Se a política apropriou-se do esporte,
com Sócrates, o esporte apropriou-se da política.
Democracia corintiana e títulos.
Soube ser ídolo e responsável,
atleta e cidadão num só corpo,
braço ao alto dentro e fora do campo.
Se eu fosse o dono do microfone, diria:
O mundo perdeu.
O mundo perdeu.
Agora, de calcanhar:
o mundo perdeu!