Aos 85 anos de idade, o Imperador da
Áustria, Francisco José estava com sua saúde comprometida. Não faltaria muito
para que seu herdeiro, Francisco Ferdinando, assumisse o trono do Império
Austro-Húngaro.
Uma intensão do herdeiro austríaco era
ampliar sua coroa dual (Áustria e Hungria) para uma coroa trina, que incluiria
os eslavos balcânicos. Para tanto, seria necessário sujeitar o nacionalismo daqueles pequenos Estados eslavos.
Desde 1814, o Congresso de Viena
redesenhou o mapa geopolítico da Europa, nele surgindo os grandes impérios
vencedores de Napoleão, fazendo emergir a Europa de Metternich, conservadora,
que tentou varrer o liberalismo do continente.
Contudo, as Revoluções de 1815, de 1820,
de 1848, foram impulsionadas pelo liberalismo e pelo nacionalismo e, a partir
de 1848, do socialismo. No caso dos eslavos, a grande força era, sem dúvida, o
nacionalismo, o pan-eslavismo, apoiado pelo Império Russo, interessado no livre
trânsito de seus navios pelos estreitos de Bósforo e de Dardanelos.
Naquele 28 de junho de 1914, os eslavos da
Sérvia relembravam o aniversário da Batalha de Kosovo, de 1389, na qual os
cristãos eslavos foram derrotados pela expansão muçulmana dos turcos, que
ocuparam a Península Balcânica.
Naquele 28 de junho, o herdeiro austríaco,
Francisco Ferdinando não deu ouvidos aos seus auxiliares e agiu sem o mínimo de
prudência num palco balcânico explosivo. Decidiu ir a Sarajevo, na Bósnia, cuja
população nacionalista pró-Sérvia via os austríacos como inimigos, dominadores.
Levava consigo sua esposa, a Condessa
Sofia Chotek. Estre os bósnios e sérvios, resistentes aos austríacos,
formaram-se muitas sociedades secretas, uma nacionalistas, outras anarquistas. A
Jovem Bósnia e a Mão Negra eram duas delas e tramaram a execução de Francisco
Ferdinando. Para alguns analistas, o amadorismo dos executores do plano só não
foi menor que o despreparo das autoridades austríacas na Bósnia. “... os rapazes da Jovem Bósnia se armaram e
foram esperar o arquiduque nas ruas de Sarajevo. Quando este, com sua esposa e
demais membros da comitiva, dirigia-se ao edifício da Câmara Municipal, um
primeiro conspirador não conseguiu tirar o revólver do bolso porque havia muita
gente ao seu redor; o segundo entrou em pânico e nada fez; o terceiro teve pena
da esposa do potentado austríaco. Por sua vez, o quarto foi para casa e o
quinto, um tipógrafo chamado Cabrinovich, lançou uma bomba que não atingiu o
alvo, sendo preso. O último conspirador, ouvindo a explosão, achou que o atentado
obtivera êxito e abandonou o local. Ao ver passar o cortejo, compreendeu que a
conspiração falhara. Desapontado, sentou-se à mesa de um café.
Depois da recepção na sede da Municipalidade,
o Arquiduque (...) voltou a percorrer as ruas da cidade, passando em frente ao
café onde se encontrava o sexto conspirador, cujo nome era Gavrilo Prinzip.
Este, surpreso em se ver bem defronte ao carro aberto que levava o Arquiduque e
sua esposa, Deixou o salão do café, pisou no estribo da carro e sacou de seu
revólver. Um policial percebeu as intenções do jovem estudante e procurou sua
mão, quando foi atingido por um golpe de alguém que estava perto. Prinzip disparou
contra o Arquiduque; em seguida, apontou para o general Potorek, atingindo a
Condessa Sofia.
Meio-dia de 28 de junho de 1914: o casal
imperial estava morto. (RODRIGUES, Luiz Cesar B. A Primeira Guerra Mundial. São Paulo.
Atual. 1988)
A Grande Guerra seria iniciada a seguir.
Desmoronaria definitivamente a Europa do Congresso de Viena. A Europa ainda
continuaria a ser uma estrela, mas perdendo seu brilho. Tio Sam dava os
primeiros passos para o domínio planetário. E o mundo nunca mais foi o mesmo.